quarta-feira, 14 de maio de 2008

O bode expiatório


O termo vem em consequência de um costume hebreu, para cada tipo de pecado, era exigido um tipo de sacrifício que viesse a apagar o erro cometido. Na Bíblia, livro onde narram costumes e tradições pré cristãs e cristãs, falam disso mesmo. No livro de Levítico, há uma lista enorme de sacrifícios de animais, pagamentos de multas e por aí afora.
Até deus, esse pai meio estranho, pede a vida de Isaque em sacrifício como prova de fé à Abraão. Lindo não é??

Daí que nos dias de hoje, embora saibamos mais sobre as coisas, estejamos mais informados, procuramos desculpar em outros as nossas falhas. E os bodes expiatórios vão ficando cada vez maiores e mais estranhos. Porque ainda se teima a não enxergar o que é verdade, porque a verdade não é bonita, porque não queremos fazer parte dos erros.

Num dos meus zapings insones, passo pelo programa da Grande O, essa sumidade americana que não tarda nada há de ser mais poderosa que o presidente, falavam de uma coisa estranha, muito estranha.

Acontece que, entre cada 9 meninos nascidos nos EUA, um deles é autista. Um numero realmente assustador. Mas agora, segundo algumas mães, a culpa é das vacinas. Isso mesmo, as vacinas. Porque segundo elas, as vacinas são feitas para toda a gente, e não deveria ser assim, pois segundo elas, as crianças quando tomam a vacina, ficam com o olhar perdido e ausente(??), e as que tem propensão a serem autistas... ficam.

O autismo é uma doença neurológica, que há umas décadas atrás era associada às mãe frias, que não estabeleciam ligações com os filhos, daí que muitas eram separadas deles, as crianças jogadas em instituições, e nada feito como análise da situação.

Só tenho pena de uma coisa, é que ninguém se lembra de pensar, que essas crianças, poderão ser fruto de mães que beberam (socialmente) durante a gravidez, fumaram seu charro, fumaram cigarros, tomaram drunfos, anfetaminas. Nem de uma alimentação errada, plastificada. Nem do ar extremamente poluído, das águas contaminadas com resíduos industriais não tratados.

O problema é a vacina. E anda a AMI, os Embaixadores da Boa Vontade a pedirem fundos para vacinas e medicamentos para salvar crianças de morrerem por Polio, Sarampo e outras doenças infantis erradicadas do nosso mundo "civilizado".

Da mesma forma que não entendo, como ainda tem povo burro como os americanos, que acham que homossexualidade é um problema mental, que "a natureza diz que azul é pra menino e rosa é pra menina". Tadinhas das zebras, que são como diz meu filho mais velho, animais pré históricos, porque estão ainda no preto e branco. Aliás... você já viu um leão azul e uma hipopótamo cor de rosa?? Só se estiver podre de bêbado...

Não sei bem o que se passa na cabeça do povo da auto intitulada "maior democracia do mundo", mas decerto estarão tremendamente assustados com a quantidade de gente saindo do armário e assumindo a sua sexualidade. Ou das letras homofóbicas dos Raps, onde rebaixam à zero a condição feminina, chamando as namoradas de cabras. Medo e ignorância é uma conjunção terrível. Mas numa coisa temos que pensar, como exercício filosófico.

Numa reportagem, falando nos movimentos homofóbicos dos EUA, uma menina dizia que, se os gays tinham direito de dizer que o são e que gostam, ela tem o mesmo direito de dizer que não é e que não gosta de gays.

O gay é o novo "preto" da sociedade.

Porque de uma forma lenta, mas resoluta, esta faixa étnica se tornou forte economicamente e socialmente. São intocáveis. E a América precisa sempre de um inimigo com quem combater, pra esquecer os assuntos que realmente interessam. Talvez, num futuro não muito longínquo, lembrarão de malhar em cima dos militantes de esquerda e dos sindicalistas, tal como foi no começo do século XX.

E os bodes expiatórios, serão cada vez mais, ridículos, apenas para isentar a nossa responsabilidade, a nossa culpa. É triste, não é?

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