sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Hummmmm...aqui há gato!!



Quem anda meio abestalhado com o namoro, ou com o recém casamento, não se dá conta das subtilezas de uma vida em comum.
Aliás, é um enjoo escutar as conversas dos recém pombinhos, onde tudo é meloso e enjoativo até ao limite. A colocação de um prego na parede pra pendurar um quadro, merece comemoração e entra no álbum de casamento com foto e tudo. Haja saco.

Tudo bem, as expectativas daquilo que cada um espera do outro são grandes, e a vontade de agradar...imensa. Só que cansa ser o que não é.

Como toda gente sabe, homem sofre de amnésia selectiva. São capazes de lembrar de todos que faziam parte da Selecção de 1945, mas esquecem sempre o aniversário de casamento e outras datas não menos importantes para o universo feminino. Lembram na perfeição quem ganhou o Rally de Monte Carlo de 1972, mas não sabe onde pára o cesto das meias recolhidas da corda da roupa.

Por isso, de cada vez que um presente ou um gesto surge sem o pedido da nossa parte, deixa-nos com a pulga atrás da orelha. Me desculpem os senhores homens, mas é esta a verdade. Aliás, posso dizer que todas nós desconfiamos de atitudes que saem fora do MO conhecido do mundo masculino.

Daí que outro dia, uma amiga minha me telefonou... preocupada. Achava que o marido tinha arranjado uma amante, porque ele apareceu em casa com um brutal ramo de flores...pra ela.
"Dora, isso é sentimento de culpa! Em quase 18 anos de casamento ele nunca me deu flores!"
E eu ainda feita parva, perguntei se era uma data importante que ELA tinha se esquecido...mas não.

Enfim, embora seja realmente suspeita atitude desse senhor, quem sabe não merece o benefício da duvida que todos nós temos direito né? Que ele tenha se lembrado da sua querida mulher e de tudo que tinham passado juntos estes anos, e resolveu dar uma coisa diferente pra alegrar o dia dela. Pelo menos, espero que seja isso.

Bom, isto tudo vem à baila, porque afinal de contas, tenho três gajos em casa: marido e dois filhos, que por sinal, sofrem de amnésia selectiva como todos. E quando me aparece um gesto do qual eu não tive que pedir, ameaçar ou implorar... eu desconfio.

Meu filho mais velho, aos berros do fundo da casa me perguntando onde colocava a roupa que acabou de recolher. Como é?? Repete essa....

Eu me belisquei, fiquei com o queixo no chão, travei completamente da cabeça. Ele recolheu a roupa sem eu pedir?? Mau, mau... aí vem chumbo grosso.

Chamei-o e perguntei o que tinha acontecido na escola, e ele disse que nada. Perguntei se tinha feito alguma asneirada na rua...nada.

E o rapaz saiu da sala injuriado reclamando : "Gaita!! que um gajo não pode fazer nada de bom que até disso reclamam..."

Embora tenha a leve impressão que tamanho gesto possa significar um possível rombo futuro na minha carteira, tenho que dar o benefício da dúvida. Porque eu sei que, graças aos céus, meu filho não é Escuteiro e por isso não tem que fazer uma boa acção por dia.

E olha, não estou sendo nem cínica nem sarcástica.

As coisas são assim, com raras excepções.

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