domingo, 31 de maio de 2009

A Nossa Velha Crise


A gente se acostuma com a palavra crise. Ela faz parte da nossa vida de modo irremediável. Comigo, tem sido uma constante, desde... deixa ver...que eu nasci? Deve ser mais ou menos por aí.

Das crises de asma ao fígado, as de identidade (o clássico quem sou eu, para onde vou ou o que sou eu neste mundo), a incontornável financeira, sempre fui tirando partido como podia dessas crises. Porque não vejo tudo como, ou tudo mau ou tudo bom. Há sempre aquela área meio cinzenta que dá pra ir levando.

Até agora foi assim.

Mas caramba, o mundo deu uma volta desastrosa em si mesmo. Esta crise, comparada à do começo do século XX, é bem pior. Pior no sentido de que todo mundo via o monstro tomando forma e ninguém lembrou de pegar no chicote e dominar a fera. Todo mundo viu e cá está ela.

Não há casa que não diga que não sente a crise. Só mesmo dos estupidamente endinheirados podem dizer que não há crise ou que não a sentem. Nós, os pobres mortais dependentes de salário, a gente sente sim.

De modos que me vi na situação de ver as coisas mais agudamente e lá veio o corte do supérfluo e a tentativa de manter o necessário dentro do razoável.
Daí meu sumiço destas linhas.

Cortei com a empresa que me fornecia a televisão por cabo e Internet, e por isso, procurei algo mais razoável.

Primeira constatação após o desligamento da cabo:  como a TV portuguesa é uma bosta né??? Tirando a RTP2 que passa filmes e bons documentários, o resto é um vómito geral. Novelas até meia noite e picos. Ver o Tony Ramos de hindu é no mínimo uma coisa tão inverossímil como ver uma galinha dançando tango.

Daí que me virei para os livros. Ler ao invés de ver aquilo que me metiam pelo olhos adentro. E tem sido uma fase muito boa sim sehoras/res. Ler, faz sempre bem, faz pensar e entender. Comecei também a dar uma volta na minha colecção interminável de CDs de música, e fui ouvindo muitas coisas que tinha deixado de ouvir. 

A única coisa que me deixou frustrada, foi a falta de informação imediata que a net nos dá. Fiquei sem ela.

Fiquei sem saber o que se faz por aí de música, filmes e arte. Fiquei sem saber se há ou não um novo episódio da Bicha do Demónio, da Terça Insana, enfim, aquilo que me faz rir e conseguir levar a Dona Crise com alguma esperança.

Mas a verdade é essa, eu sobrevivo bem sem o que muita gente pensa ser indispensável. É claro que muitas outras coisas levaram um corte, mais coisas que precisaram ser revistas e analisadas. 

Mas é assim minha gente, vamos ver se a gente pega nessa velhinha crise e dá um Valium pra ela dormir aí mais umas décadas ou coisa assim.

Interessante ver que uma pessoa pode adaptar-se desde que tenha vontade. E sempre que der, escrevo alguma coisinha por aqui ok??

Ps: só espero que esta crise passe logo... Os Rammstein virão à Portugal em Novembro, e eu aqui roxa de vontade de ir ver o concerto deles... e sem "papel" pra isso. Cáspita, ô mundo injusto viu?