domingo, 21 de dezembro de 2008

Repetição


Não há nada do que eu goste mais do que música, aprendi a ter respeito pelo efeito que produz nas nossas vidas.

Tenho verdadeiras bandas sonoras para cada uma das épocas da minha vida, e o voltar a escuta-las me recordo de situações boas ou más. Depende.

Mas se há coisa que me revolta os tímpanos, me provoca uma reacção quase beirando a raiva e a revolta, são musicas de Natal.

Não consigo.

Basta entrar num supermercado, num centro Comercial, numa loja, aqui na cidade, até na rua tem música de Natal. Sempre as mesmas. Ano após ano.

Essa repetição, essa coisas nojenta de tudo feliz, tudo amor, Jesus menino ,não me entra. Pior, me revolta.

Outro dia, na caixa do supermercado, perguntei pra moça se ela não ficava louca de ter que escutar durante todo o dia as mesmas músicas, mais o choro das crianças e as reclamações do povo. Resposta dela : "Acha que estaria ainda sã se não me desligasse??"

Olha, sempre disse que tinha o maior respeito por Bombeiros Voluntários, Médicos da AMI, Green Peace e Polícias. Agora, no meu rol de respeito entram as funcionárias de locais comerciais em época natalícia.

E juro, já não posso mais com as iluminações de mau gosto de muitas casas por aqui. Nunca vi tamanha falta de subtileza da parte dos moradores das ditas casas.. e apartamentos.

Espero que o natal passe correndo.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Chorar, a terapia do alívio



Embora muita gente nem perceba bem, mas apesar de tanto eu como a minha irmã termos fama de sermos secas, más e ruins (isto porque dizer a verdade esbarra na má educação, embora sempre procuremos falar disso de forma calma e racional), somos choronas.

É uma coisa sem explicação possível, mas na verdade, somos umas almas estupidamente sensíveis, ou não fossemos as duas aquarianas de gema.

Mas o mais caricato disto, é que não temos por hábito chamar por nomes estranhos aos nossos homens, aos nossos bebés, nem falamos em voz de falsete com animais ou crianças...nem achamos que palhaços e pais natal sejam coisas que as crianças gostem. Não temos a mania que tudo é fofinho, tudo que é cor de rosa é fofo...fofo é muito relativo.

Mas choramos como chafarizes, Madalenas arrependidas por coisas estranhas, outras banais. Minha irmã diz que chora até em anuncio de detergente, felizmente não chego à tanto, senão seria a minha ruína.

Na verdade, já passei por situações embaraçosas, porque da mesma forma que choro por coisas comuns, tenho a tendência estranha de me rir em situações absolutamente descabidas. Funerais, um grande desafio, não há piada que não me lembre nessas horas, ou como desatei a rir, depois de constatar de que tinha tudo pra montar uma tenda de campismo, menos a armação de ferro. E estávamos pra lá de Madrid...podres de cansaço.

Enfim, se não sabem, ficam a saber que a minha irmã diz que tenho gostos Nerd, só porque gosto de Mangás e Animes. E por conta disso, meu filho mais novo já me apanhou chorando (a sério), quando e via um OVA do Rurouni Kenshi (Samurai X pros íntimos). E há pior. Choro só de ouvir determinados temas desse Anime...e meu filho mais velho achou toda a discografia e deu-me...

Mas, fazendo as contas, acho o choro, mesmo que provocado por coisas banais, um grande alívio da alma. E dou pulos de alegria de ter nascido com a possibilidade de poder chorar sem ser chamada de nomes pouco abonatórios. Porque homem não podia chorar, felizmente, os tempos mudam e já podem. Mas ainda não praticam bem este exercício. O último filme que me fez chorar, no sossego do meu lar e longe de olhares pouco amistosos, foi "Duas Irmãs".

Mas sinceramente acho que chorar faz bem, assim como rir, e não sou preconceituosa ao ponto de achar que rir é melhor que chorar.

Agora a sério, há um tempo pra tudo, e acho descabido que controlemos nossas emoções por conta de um bando de gente que classifica música ou Tribos conforme a nossa sensibilidade. Detesto quando me dizem: que coisa mais EMO.

Por muito que explique que meus gostos literários/musicais/artísticos/arquitetonicos não são para serem classificados, muita gente cataloga tudo.

Mas não permito que tente catalogar minhas emoções, meus gostos e minhas escolhas. Nisso sou frontal.

E quando meu filho mais velho passou por um grande desgosto de amor, a única coisa que pude fazer por ele foi abraça-lo de deixa-lo chorar no meu colo. E disse mesmo : "Chora"!!

Resolveu alguma coisa?? Não. Aliviou? Sim, um bom bocado. E deixei ele ter o seu tempo de "luto" por isso. ( Ok, chorei junto com ele), é preciso deixar sair aquilo que nos magoa. E nada como as nossas lágrimas, pra limpar de vez o que nos deixa.

De maneira que, vou continuar na mesma fazendo e gostando do que gosto, ouvindo, cantando e dançando aquilo que gosto, sem prestar a atenção do que me chamam ou catalogam.

Sou diversificada demais pra ser rotulada.

E choro.

Relação Amor /Ódio




Não é foto minha...apesar do desespero de FICAR SEM NET durante todo fim de semana...seja desesperador.
Sem contar o quanto o frio me atrofia.

A minha relação amor/ódio com a Net é lendária. Mas sem ela não poderia "falar" com as pessoas que tanto gosto, nem saber das coisas que gosto. Nem garimpar do jeito que eu gosto.

Mas o frio, ai o frio...me deixa resmungona e sem muito humor pra dar, e a paciência fica reduzida à um improvável e pouco amigável sorriso.

Mas, irei sobreviver...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Espelho, espelho meu

Uma pessoa, com o passar do tempo e com uma certa idade, pensa na vontade de mudar. Acontece com toda gente.

No caso das mulheres, cada dia é uma luta constante contra os efeitos da gravidade, contra as agressões das intemperes, cabelos brancos, rugas e demais sinais de desgaste.
Depois cometemos a bobagem de pensar que as actrizes e mulheres famosas nasceram em estado de graça, linda maravilhosas e apelativas.

Desengano que a gente nunca pôde provar, porque é raro haver uma foto publicada de alguma famosa ao acordar ou em estado de relaxe (salvo Amy Winehouse, que adoptou o estilo : tô me cagando pro mundo).







Hoje me sinto vingada ao ver este desfile de recauchutagem geral do mundo VIP. E ver que a natureza pouco ou nada deu à essas Divas, e que o bisturi mágico do cirurgião serviu de varinha de condão pra transformar abóboras em princesas.

Mas com o meu pavor pelo bisturi é maior que a vontade de fazer melhoramentos e a falta de dinheiro também, tenho que me conformar com aquilo que eu nasci.

De cara lavada, que é meu hábito, não prego tanto susto como essas estrelas de brilho falso....

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Yara e a Teoria do Caos


Sabe aquela minha amiga que voltou pra Angola?? Falei com ela hoje via Msn.

Só um parêntesis neste post: Eu uso este Blog como catalisador de todas as coisas que acontecem comigo, e na maior parte das vezes, só aparece reclamação e esculhambação. Admito.
Me queixo das Segundas, do Governo, do machismo e coisas assim.

Mas eu nunca pensei que a desgraça alheia me desse tanta vontade de rir como foi hoje... e me desculpe Yara, vou fazer de vez em quando, um post dedicado à ti e às tuas peripécias em terras angolanas. Merece.

Pois bem, como dizia minha amiga, nascida e criada em Benguela, passou uns tempos em Terras Lusas, mas acabou por voltar à casa. Eu aqui pensando que ela já tinha ido à praia dar uns mergulhos, que já tinha ido dar umas voltas pra ver os amigos. Mas não foi.

Tinha deixado um recado pra ela perguntando se tudo estava bem, e qual não foi a minha surpresa, quando vejo hoje um apelo pungente dela : "Só tenho vontade de voltar pra aí"

Então??

Seguinte, quando ela foi embora deixou um irmão, que ficou tomando conta das fazendas e da casa...mas sabem como é homem né?

Aquela inteligência rara, resolveu alugar à casa à uns angolanos, mal não seria se não tivesse alugado com o recheio todo la dentro.

Imagine agora que você chega na sua casa e abre a porta e não encontra nada.....

Conversa:

- Dora, não ficou nada...não tem uma panela, não ficou móveis, os inquilinos levaram tudo...
-Bolas...mas deixa estar, agora podes fazer a decoração como queres...
- Só temos uma mesa, dois copos, duas camas, um caldeirão e dois jogos de cama
- nossa!!
-a panela de pressão..meu irmão não conseguiu abrir então usou o martelo, está estragada
-bom, pelo menos a sanita não arrancaram fora?
-não...mas tá um nojinho. Passei os últimos dias a limpar a casa toda.
-vais ver que tudo se compõe
-tô escrevendo à luz de velas e com a bateria do laptop..não tem luz desde ontem. Tô sendo comida pelos mosquitos, tem o gato que não para de miar...vou ter um treco!!
-vela??
-a nossa vizinha Madá, contou que uma cobra entrou em casa. Era do vizinho que perdeu, ficou 3 meses no quarto do meu irmão. Uma jibóia. Quando descobriram fugiu todo mundo de casa...
-pelo menos não comeu o gato
-o gato tá cego e os ratos brincam com os bigodes dele...
-fala sério...
-é verdade
-bom, quanto aos mosquitos, não podes usar insecticida?
-não adianta, só com bazuca
-bolas, assim arrebentas a casa
-não faz mal, quando os inquilinos aqui estavam caiu o tecto da sala, quando saíram caiu o tecto da cozinha
-essa gente era gigante pra dar com os cornos no tecto??
-não sei miga, só sei que nem parece a mesma casa, quero comprar umas cortinas, mas o preço...200US$
-f...-se!!! tão caro??
-tigela de plástico então nem se fala. mas preciso de tapetes pro WC
-ias caindo né??
-pois, ia fazendo Sku, saí da banheira e ia escorregando por ali até que consegui me equilibrar, e depois, tem degrau pra entrar na banheira e degrau dentro da banheira
-??? degrau?? noffffaaaa, que coisa mais xiki. Esse degrau é pra quando tem enchente e vocês não se molharem quando estão tomando banho?? ahahahahahahahahahah
- não ri

Na verdade, estava rindo faz tempo, porque a única coisa que vinha na minha cabeça, era aquele filme com o Tom Hanks, "Um dia a Casa Vem Abaixo".

Sinceramente, eu sempre achei que essas coisas só aconteciam em filmes, até ao dia em que fui acampar pro lados de Madrid...e a armação da tenda ficou em casa na arrecadação. Tivemos que dormir num Bungalô.

Mas enfim, no meio deste caos todo na vida da Yara, espero que ela encontre a serenidade necessária pra poder levar a vida dela pra frente. E que ela meta algum juízo na cabeça do irmão desmiolado.

Conta comigo, nem que seja pra desabafar viu?


Ps: tenho a cópia da conversa, porque é tão bizarra que resolvi guardar...

sábado, 15 de novembro de 2008

Boa Sorte!!!



Tem dias que me pergunto, como é possível a gente se cruzar na vida com certas pessoas? O que nos leva a formar uma amizade assim sem uma explicação lógica? Destino?

Neste preciso momento, uma amiga minha está sobrevoando o Continente Africano, voltando para casa. Benguela em Angola.

As várias tentativas de conseguir adaptar-se à este mundo tão diferente do dela, não foram bem sucedidas, daí o retorno ao lar. Embora a nossa amizade seja bastante recente, podemos dizer que até somos boas amigas, que pudemos nos conhecer, rir, chorar e falar de muitas coisas. E como eu ralhei com ela... tantas vezes...

Ela vai voltar pra perto do mar, pra perto do irmão e de tantas coisas boas e menos boas que ela já conhece. Vai conseguir fugir do frio do inverno, vai provar frutas que a gente vê no supermercado, sem graça e sem gosto. Sortuda!! Dois Verões no mesmo ano!

Do fundo deste meu coração, com sopro e arritmias, tudo de bom pra ti menina, que sejas bastante feliz e que o futuro só te dê coisas boas. Que estes 4 anos em que ficaste meio que no limbo te dê ganas para fazeres mais por ti.

Um beijo grande, e havemos de nos ver num futuro próximo!!

domingo, 9 de novembro de 2008

Os meus dilemas de sempre



A minha relação com a lareira sempre foi parecida com aquela velha anedota do naufrago na ilha deserta, com montes de latas de conserva mas sem abre latas.

Quando tenho lenha, não tenho acendalhas, quando tenho acendalhas, não tenho pinhas, quando tenho acendalhas e pinhas não tenho lenha...ô meu santo...

E foi nesse impasse que cheguei aos primeiros dias de Outono. Mais ou menos uma tonelada de lenha, acendalhas, pinhas... mas a porcaria da lenha grande demais pra caber na minha lareira com recuperador de calor.

Depois de passar o Verão todo tocando no assunto sobre ter que arranjar alguém pra tratar disso e ouvindo o meu marido a dizer que andava a pensar nisso, cá estamos nós. Novembro. Tendo lenha e não tendo.

Ora bem, todos os dias a minha casa é frequentada por rapazes entre os 13 e os 18 anos, amigos dos meus filhos. sentem-se bem aqui em casa, conversam muito comigo, contam os seus problemas, comem como se o mundo fosse acabar amanhã, fazem um barulho do caraças...e lutam pra ver quem é o mais forte.

Aquela coisa muito "testosterona" de chave de braços, masterlocks, chaves de braços e pernas, ai, ai que me dói o braço, fo...-se que me lixate a mão...enfim.

Olhando pra tanta energia mal direccionada e vendo a minha lareira vazia e meus dentes batendo, eis que deu um Fiat Lux aqui nas ideias e perguntei à um deles: achas que podes me dar uma mão na lenha?

Ficou combinado pra sábado, ontem, já que o marido estaria presente, e não é que aqueles meninos racharam tudo à troco de umas cervejolas?? Maravilha.

Agora estou eu aqui quentinha, minha lenha toda arranjada e pronta pra lareira, e os meninos ficaram todos satisfeitos de terem mostrado os seus dotes físicos.

E tô aqui pensando, que quando chegar a Primavera, preciso dar uma pintada na casa...

sábado, 8 de novembro de 2008

E Por Falar Nisso...


Li Eragon, li Eldest e finalmente li Brisinger, o último livro da trilogia de Christopher Paolini, com as suas 800 páginas em apenas dois dias. Foi de seguida.

E eu pensando que ia ser o final onde se iriam conhecer e saber grandes coisas, pra no final saber que terei que esperar por mais 2 ou 3 anos por um novo livro pra ver como acaba... se é que acaba.

Digamos que algumas coisas não foram novidade para mim, a verdadeira paternidade de Eragon, o facto da arma que lhe foi concedida ter sido feita de encomenda e que ia morrer gente muito querida do personagem.

Embora me recuse terminantemente a ver de ovo algum filme que seja referencia destes livros, espero que o tempo passe depressa e eu acabe por saber como isto tudo acaba. Até porque agora se conhece a fonte do poder de Galbatorix... e como destruí-lo.

e como detesto esperar...

E lá vem estragação...


Quem assistiu como eu todos os episódios do Dragon Ball, ficou triste quando a saga acabou. Pelo menos daquilo que passou na TV, já que apenas no Youtube foi possível ver os episódios Dragon Ball 100 Anos Depois.

Houve que achasse violento, mas comparando com as marteladas, estouros, bigornas na cabeça do Tom & Jerry...acho que apenas focou uma forma diferente de ver as coisas.

Daí que, passados estes anos todos, eis que vão fazer um filme com personagens de carne e osso, tomando o lugar dos heróis e o rapaz aí de cima foi escolhido pra ser o Gonku, e segundo parece o filme irá estrear lá pra 2010.

Em todo o caso o que me deixa de pé atrás e o facto consumado de que quando uma coisa é boa no seu formato original, quando passa pro cinema fica uma bosta.

Quem como eu leu Eragon, ficou desiludido da forma como a história toda foi assassinada , de como se mudou visualmente os personagens e como ficou tudo tão pobrinho.

Daí que já por conta disso, fui dar uma bisbilhotada pelos diversos sites de Dragon Ball Z - The Movie, pra saber como aquilo anda.

E lá vem a primeira facada: Gonku estará na Universidade quando a história começa. Boa, estragaram tudo. O mais fixe dele era a pouca apetência pros estudos, e de como a dedicação dele só era virada pra comida e porrada. Se fizerem do Gonku um tipo sério demais e sem pinga daquela inocência dele...perdeu-se o melhor dele.

Mas vamos ver que acontece...já que o projecto anda se arrastando desde 2004, com desistências, avanços e retrocessos.

O melhor mesmo é esperar para ver.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

E foi uma Segunda Feira....



Acho que é a ilustração mais aproximada de como tem sido pra mim a Net esta semana.
Sinceramente, cada dia que passa, mais me aproximo do facto que a publicidade é cada vez mais enganosa.

Se vocês derem atenção quando na propaganda dizem que a "Zona" é a melhor e tal, duvidem. Além de ser a mais cara é a que tem pior serviço aos clientes. Foi-me absolutamente impossível postar ou ler qualquer coisa na Net.

Juntando o facto de outros empecilhos normais de uma Segunda Feira que se preze pra mim, de um rol infinito de coisinhas embirrantes me chatearem e no fim de tudo, não poder falar com ninguém....foi a gota d'água.

Só hoje, depois de muitas peripécias, estou aqui escrevendo estas mal fadadas linhas, como minha terapia comportamental.

Felizmente acabaram as eleições nos EUA, acabou um circo que durou....uns dois anos não é??

Me pergunto agora que outra coisa falarão até à exaustão, que outras gafes serão descobertas e que outras coisas nojentas serão usadas como pedra de arremesso.

E pra mal dos meus pecados, chegou o Inverno, com eles os casacos, as botas e o bater dos dentes. Céu fechado e cinzento, dá uma melancolia que nem te conto!!!


Faz de conta que é um PS: Não sei porque, mas tenho uma intuição de que o Obama será um tipo de Kennedy...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Hummmmm...aqui há gato!!



Quem anda meio abestalhado com o namoro, ou com o recém casamento, não se dá conta das subtilezas de uma vida em comum.
Aliás, é um enjoo escutar as conversas dos recém pombinhos, onde tudo é meloso e enjoativo até ao limite. A colocação de um prego na parede pra pendurar um quadro, merece comemoração e entra no álbum de casamento com foto e tudo. Haja saco.

Tudo bem, as expectativas daquilo que cada um espera do outro são grandes, e a vontade de agradar...imensa. Só que cansa ser o que não é.

Como toda gente sabe, homem sofre de amnésia selectiva. São capazes de lembrar de todos que faziam parte da Selecção de 1945, mas esquecem sempre o aniversário de casamento e outras datas não menos importantes para o universo feminino. Lembram na perfeição quem ganhou o Rally de Monte Carlo de 1972, mas não sabe onde pára o cesto das meias recolhidas da corda da roupa.

Por isso, de cada vez que um presente ou um gesto surge sem o pedido da nossa parte, deixa-nos com a pulga atrás da orelha. Me desculpem os senhores homens, mas é esta a verdade. Aliás, posso dizer que todas nós desconfiamos de atitudes que saem fora do MO conhecido do mundo masculino.

Daí que outro dia, uma amiga minha me telefonou... preocupada. Achava que o marido tinha arranjado uma amante, porque ele apareceu em casa com um brutal ramo de flores...pra ela.
"Dora, isso é sentimento de culpa! Em quase 18 anos de casamento ele nunca me deu flores!"
E eu ainda feita parva, perguntei se era uma data importante que ELA tinha se esquecido...mas não.

Enfim, embora seja realmente suspeita atitude desse senhor, quem sabe não merece o benefício da duvida que todos nós temos direito né? Que ele tenha se lembrado da sua querida mulher e de tudo que tinham passado juntos estes anos, e resolveu dar uma coisa diferente pra alegrar o dia dela. Pelo menos, espero que seja isso.

Bom, isto tudo vem à baila, porque afinal de contas, tenho três gajos em casa: marido e dois filhos, que por sinal, sofrem de amnésia selectiva como todos. E quando me aparece um gesto do qual eu não tive que pedir, ameaçar ou implorar... eu desconfio.

Meu filho mais velho, aos berros do fundo da casa me perguntando onde colocava a roupa que acabou de recolher. Como é?? Repete essa....

Eu me belisquei, fiquei com o queixo no chão, travei completamente da cabeça. Ele recolheu a roupa sem eu pedir?? Mau, mau... aí vem chumbo grosso.

Chamei-o e perguntei o que tinha acontecido na escola, e ele disse que nada. Perguntei se tinha feito alguma asneirada na rua...nada.

E o rapaz saiu da sala injuriado reclamando : "Gaita!! que um gajo não pode fazer nada de bom que até disso reclamam..."

Embora tenha a leve impressão que tamanho gesto possa significar um possível rombo futuro na minha carteira, tenho que dar o benefício da dúvida. Porque eu sei que, graças aos céus, meu filho não é Escuteiro e por isso não tem que fazer uma boa acção por dia.

E olha, não estou sendo nem cínica nem sarcástica.

As coisas são assim, com raras excepções.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Chaves




Assunto controverso aqui em casa. Porque temos histórias rocambolescas a respeito de chaves.
Algumas, que hoje , vendo à luz daquilo que a gente chama bom senso...seria uma loucura.

Sabe o que é, marido trabalhando noutra cidade, eu grávida de 20 meses (não era de verdade mas a sensação era essa) e ele ter que sacrificar a hora de almoço pra vir abrir a porta de casa...porque deixei as chaves lá dentro?

E sabe o que é duas semanas depois, acontecer o mesmo, deixar as chaves em casa, e só pra não chatear o moço de novo...andar pelo telhado do prédio pra entrar ela janela da casa de banho??

Eu fiz isso.

Chamei uma vizinha pra tomar conta do meu filhote de 3 anos, enquanto eu, mesmo grávida, estava menos larga que essa vizinha e consegui passar pela janela da arrecadação, andar todo o telhado do prédio e entrar pela janelinha da casa de banho...
Uma proeza que hoje vendo bem à luz da razão é de arrancar cabelos... eu andando em cima de telhas...lá no alto. Justo eu que tenho vertigens.

Ou quando ainda namorava, levei as chaves de casa pra ir buscar um casaco antes de ir pro cinema com o namorado ( actual marido). Minha mãe, que estava numa Feira, pediu que eu deixasse a chave atrás de um vaso na entrada da porta. Verdade seja dita, fiz tudo e mais alguma coisa com o namorado além de pegar o casaco, de modos que fiquei até em cima da hora pra ir ao cinema.
Quando coloquei a maldita chave atrás do vaso, eis que escuto TODA a minha família entrando no prédio: mãe, 3 irmãos, tio, tia, primitos, avós...e eu lá....
Sabendo que não podia usar o elevador nem as escadas (tanta gente era, que tiveram que se dividir por essas duas vias) que me vi obrigada a puxar o namorado pelas escadas acima, ficar no corredor das arrecadações e esperar. Esperar que todos entrassem pra podermos fugir.

Nisso, escuto aquela voz "doce" e nuns decibéis mais acima do normal, minha mãe, a dizer: "Aquela miúda cabeça de vento esqueceu de colocar as chaves aqui..."
E eu, que sabia que tinha colocado as chaves atrás do vaso, olho pro meu namorado que calmamente comia um bolo de azeite (típico bolo alentejano, trazido pela minha avó), sentado nos degraus da escada na maior paz nem se dignou a ficar preocupado!!!

Nisso, ela vira pro meu irmão e diz: " Tens que ir ao cinema e pedir a chave à tua irmã"
Belo!!! Eu ali nas arrecadações, meu irmão ia ao outro lado da cidade, pra chegar ao cinema e não me encontrar...porque eu estava nas escadas da arrecadação. Vi minha vida passar diante dos olhos. E o namorado na maior paz do mundo.. e ainda sorriu pra mim!!!!!

Eu já estava jurando pra deus, que se eu saísse dessa enrascada ilesa, nunca mais faria test drive com o namorado...que só cansando...(ainda sofria de alguns tiques apesar de ser uma ex-TJ).

Nisso, escuto a porta do apartamento da vizinha da frente a se abrir, e a vaca a dizer pra minha mãe: "Vizinha, eu vi a sua filha colocar as chaves aqui, achei estranho e resolvi guarda-las...são suas não são??" . A PUTA!!! Tinha ficado com o olho colado no ralo da porta, vendo tudo, desde que tinha chegado até a aquele momento.

Não preciso nem dizer que, depois de todos eles terem entrado, disparei por dali rumo ao cinema.

Chaves.

Dois carrinhos de supermercado cheios, duas crianças pra lá de cansadas e já chatinhas, chegámos ao carro e nada de chaves. Detalhe: carro da firma. Começando a chover, um frio horrível, e o tipo que me criticava de sempre ter problemas com as chaves, com um sorrisinho besta na cara. "Acho que perdi as chaves do carro" disse ele na maior cara de pau. Felizmente, os Perdidos e Achados do supermercado tinham recebido as ditas de um cliente que achou no chão.
Desculpa do Réu: o bolso do colete. Humpfff!!! Isso é desculpa?

Chaves. A evidencia de que não vivemos num mundo seguro, que precisamos trancar as nossas vidas. Ainda e lembro de quando a porta da rua ficava só no trinco. Bons tempos.

Felizmente agora, divido a responsabilidade das chaves com os meus filhos, senão, o marido tem que vir de Espanha de propósito abrir-me a porta....

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Casar


O mundo se acabando, o G8 na eminencia de uma reunião de emergência para resolver esta terrível crise económica, e tem gente se preocupando em casar.

Inquietante.

Apesar de ter casado no século passado e ser um dos poucos casamentos que ainda resistem ao tempo, me pergunto por que raios alguém se lembra de casar nos dias de hoje.

Ok, não fui a noiva tradicional, casei só no Civil, com uns poucos familiares. Porque tenho horror à pompa e circunstancia. Tenho horror da palhaçada de um casamento tradicional.

Com tantos problemas no mundo, ontem a pergunta da Pesquisa da Sapo era : está de acordo com o casamento entre homossexuais? E o não estava ganhando.

Eu sou à favor de um relacionamento baseado no amor e respeito entre qualquer tipo de união, homo ou hetero.

Bom, hipocrisias à parte, o mundo é feito destas coisas bobas e meio nojentas. Por um lado, aceita-se que um casal hetero se case, pra daqui uns 3 ou 4 meses se separem por "incompatibilidades" . Mas não se conta a mamata que foram os presentes, e a grana que ganharam no casamento.

E vamos falar sério....quem quer casar, tem que incomodar os amigos e famílias com exigências, com pedidos e apelos absolutamente espatafúrdios??
Quem quer casar, que assuma a responsabilidade total do acto. Exigir o tipo de roupa, as cores e toda aquela mariquice que no mais, só fica na foto mesmo, é uma coisa escandalosa.

Gostei de um casamento feito há uns tempos atrás por uns conhecidos: chamaram amigos e família pra uma daquelas almoçaradas. O povo apareceu descontraído, de chinelo, bermuda, sem pintura e sem frescura. Antes de servirem a sobremesa, chamaram o povo pra uma salinha onde um representante do cartório esperava com o tal do livrinho em cima de uma mesa....

E o casal explicou , que agradecia a presença desinteressada de todos os amigos e parentes, e que já agora, poderiam testemunhar a união deles. Enfim, as pessoas estavam lá porque queiram, porque gostavam de estar lá. E pra quem se ama de verdade, o que interessa é isso mesmo.

E pra quem acredita em deus, este, tanto está numa bela igreja decorada, como numa manjedoura né??? É omnipresente.

E pensar, que pra o povo escolhido de deus, os hebreus, o casamento em si era mais ou menos isto: acordo entre famílias, dote, a noiva conhecia noivo no dia do casamento, iam pra uma tenda....mocavam e assim era consumado o casório.

É a mais pura verdade.

Não esquecendo que, na Idade Média, o costume continuava. A consumação do acto sexual equivalia ao casamento. Isso, só o papa poderia dissolver. E mesmo assim, não era coisa fácil. Bom, Henrique VIII inventou a Igreja Anglicana e fez uso da guilhotina pra poder "dissolver" alguns casamentos incómodos.

Meu povo, escutem o que eu digo, pois é o mesmo que eu digo pros meus filhos: não façam a besteirada de casar no método tradicional: não será isso uma prova de felicidade e durabilidade de um casamento. É o comprometimento que não está vinculado num papel que mais parece uma abertura de sociedade.

Sejam honestos ao invés de abrir lista de prendas. Amem e invistam de verdade no relacionamento ao invés de escolher lua de mel nas Caraíbas.

E sejam conscientes, que casamento é uma montanha russa. E só vai quem tem tomates...

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Crónica de uma desgraça anunciada


Meu corpo sempre me pregou partidas, mas nunca como agora.

Passei a minha adolescência invejando as formas que os corpos das minhas amigas e colegas tomavam em tão pouco tempo, enquanto que eu, andava numa eterna infância.

Me sentia traída. Crescia desmesuradamente, depressa demais e sempre uma moleca, uma maria rapaz. Teimei com a minha mãe porque queria o meu primeiro sutiã aos 11 anos. Todas as minhas colegas tinham, porque eu não???

Mas era uma coisa sem graça, porque a minha semelhança com uma prancha de surf era inequívoca. Plana.

Bom, meu corpo demorou mesmo muito tempo a acordar, e mesmo assim, continuou em estado de vigília. Apesar de ter 1, 70 mts, pesava uns miseráveis 45 kg aos 21 anos. Não, não sofria de nenhum distúrbio alimentar, comia bem. Meu corpo é que não reagia de forma nenhuma.

Todas as piadas e alcunhas que existiam sobre gente magra, eu conhecia todas. Comprar roupa, um suplício: o que ficava bem no corpo fica curto nas mangas e nas pernas. Dificilmente achava calças que se ajustavam perfeitamente em mim, e só encontrei no ex Grandela: nº 35.

Não posso dizer que isso me deu só desvantagens. Podia fazer Topless sem chamar a atenção de ninguém, e fiz sem problemas. Me mexia sem complexos nenhuns, corria e saltava sem problemas.

Mas agora...meu corpo, sempre inconveniente, se lembrou de acordar. Não sei de onde raios me surgiu peito e ancas. Assim, de uma hora pra outra.

Só me dei conta do facto pelo seguinte:

Passei todo verão de alcinhas e T Shirts, sem preocupação de sutiãs e outros acessórios. Mas com o tempo a mudar e uma visita à familiares, lembrei de vestir um camiseiro...e não serviu.

Chegava na parte do peito...e não havia botão que resistisse. Ficava tudo repuxado, meio estranho. Tentei outro, e outro e outro e todos na mesma. Roupa não encolhe no cabide. Isso eu sei que não acontece. Fui colocar uma calça social, de fazenda...e a mesma coisa..não passava da anca. E eu praguejando e me contorcendo como dançarina de dança do ventre no meio do quarto, enquanto uns olhinhos brilhantes olhavam pra mim: meu marido.

Prontificou-se logo pra ajudar a conter o peito enquanto eu apertava os botões do camiseiro, que recusei, pois já estávamos atrasados. E achou que eu estava muito bem...até ouvir a clássica frase feminina : "Não tenho nada pra vestir".

Bom, hoje fui dar uma volta ao guarda fatos e foi uma decepção: Mais da metade dos camiseiros não me servem, o que sobrou só me serve com um sutiã tipo camisa de força. Das calças sociais, só me sobraram 3, que meu filho mais novo odeia, só gosta de me ver de Jeans e não com "roupa de velha" ou "roupa de executiva".

Enfim. Agora, mesmo usando O.B, não corro, não ando a cavalo, não faço tudo o que quero porque me cresceram umas coisas que me faziam mais falta antes. E ainda não aprendi como me mexer com isto tudo. É patético.

Será que finalmente a minha adolescência começou depois deste tempo todo?? Francamente!

E posso jurar, eu não tomei comprimidos milagrosos pra aumentar peito, não fiz cirurgia estética, nada de nada.

É intrigante.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Filho ou As delícias da maternidade


Acho que algumas pessoas que dão uma lida neste Blog já tenham percebido que a maior parte das coisas que me acontecem, não são nada vulgares.

Se não são invulgares, pelo menos são caricatas, tem o seu quê de surreal. Mas com o tempo habituei-me à essa contigencia da vida.

No final do passado mês, meu filho mais velho fez anos. Maravilha, várias pessoas deram-lhe os Parabéns, e apenas uma (minha irmã) se lembrou de dar parabéns pra mim também. E digo-lhes, é injusto apenas o rapaz merecer festa, toda mãe deveria ter uma por cada filho que coloca voluntariamente neste mundo.

No meu caso, como de tantas outras, extremamente desejado. E como foi difícil lutar contra o meu corpo que teimava em me negar ter a coisa mais natural do mundo. A primeira tentativa redundou num aborto expontaneo. O primeiro choque e quase um atestado de incompetência.

Depois foi uma ano cheio de tensão, consultas, temperaturas basais (um saco), exames, análises para chegar à isto : meu ciclo era louco (como a dona dele), e apenas precisava ser regularizado.

Então, foi me dado o tratamento, com a devida medicação (que cá entre nós ia me colocando em doida, mexeu demais com o meu equilíbrio precário hormonal) e como se não bastasse, às relações programadas pra data da subida da temperatura basal.

Não há coisa mais incapacitante, ou brochante como se diz no Brasil, do que TER que fazer naquele dia, porque era O DIA. Aquela coisa de quando chegava o marido do trabalho, podre de cansado e dizer no nosso código : Hoje subiu.

Detalhe, na época morávamos na casa dos meus sogros, o que já de si, fez com que eu merecesse um lugar no céu, com suite virada pro mar e uma legião de servos. E como se não bastasse isso, meus cunhados também lá moravam.

Então, quando finalmente fiquei grávida, me senti mais ou menos como se fosse uma barriga de aluguel, que carregava dentro de mim um D. Sebastião. Porque ninguém perguntava como eu estava, mas sim como estava o bebé. E todos os olhos em cima de mim , com medo que prejudicasse de alguma forma o Infante por nascer. Bolas, ninguém mais do que eu desejava que essa criança nascesse bem e saudável. Mas enfim.

Passei dos meus habituais 45 quilos para uns abomináveis 78 quilos. Tudo porque não podia me mexer, placenta baixa...bosta. Era só comer, dormir e pouco mais. Uma gravidez de alto risco. Bosta outra vez.

Meu Médico de Família, radiante, porque durante anos tentou que eu engordasse , sem sucesso. E eu parecia uma balão meteorológico. Enorme e redonda. A minha Gineco/Obstetra, sempre atenta. Fiz mais de 10 Ecos, vigilância apertada do Hospital, tudo em cima.

Só que o rapaz... não queria sair nem a pau, passou uma semana do prazo. Olhando pra minha barrigona falei à sério com ele: "meu filho, eu tenho que me levantar 300 vezes durante a noite pra fazer xixi (aliás, dormi sentada na sanita por duas vezes...), não vejo meus pés fazem uns 4 meses, eu pra sair da cama , tenho que acordar teu pai, porque pareço uma tartaruga de barriga pra cima. Doem-me as costas, as pernas, os pés. Tô farta de estar sem fazer nada...portanto, se o menino não quiser sair de livre vontade, amanhã, na consulta peço pra provocar o parto...ok??"

Não sei se foi esse ultimato, ou o facto de eu ter me empanturrado com papos d'anjo, que levou à que a criança se resolvesse a fazer pela vida: 4 da madrugada...um xixi e uma pontada nas costas....

Olhei pro relógio, primeiro parto, pensei, tenho muito tempo. Enganei-me.
4 e 20, segunda pontada e bolsa rompida.....ô meu santo...cotovelada no marido...3 segundos depois ele vestido.

Detalhe, maior calor, portanto, dormia sem roupa...imagine-se a vestir, com a bolsa rota...e lembrando o que a enfermeira parteira tinha ensinado: não se mexer muito pra não haver prolapso do cordão umbilical. Então fiquei naquela de : me visto ou fico aqui vazando?? Não me visto e dou espectáculo nas Urgências do Hospital?

Resolvi a situação, colocando uma toalha entre as pernas e vestido apenas o robe... e chinelos.

Numa casa onde tinham 4 carros, fomos justo escolher aquele que se recusava a pegar. Já estava meu marido a perguntar o que mais faltava acontecer, quando o chaço se dignou a pegar. E lá fomos pro Hospital. O carro deixado mesmo na boca das Urgências, aberto e lá fui eu pra dentro em robe, com uma toalha entre pernas e resmungando a cada contracção. Seguidinhas.

Nem uma cadeira de rodas ou uma maca me deram, meu marido branco como a cal, o bebé me empurrando as costelas e eu parando pra cada contracção. E assim fui eu até a Maternidade, onde me esperava um médico de plantão que nem merecia ser Veterinário. Porque até os animais devem ser tratados com respeito. Tive sorte porque mudaram os turnos.

Fiquei sozinha na Sala de Dilatação, ou as Boxes, como carinhosamente chamam. Lembrando das aulas de preparação pro parto, fui respirando, cantando o 1º de Agosto dos Xutos & Pontapés, sabe-se lá porque, e dei-me conta que pensava numa coisa aberrante:

Aquele menino, que eu tanto queria ver a carinha, pegar no colo, ensinar a falar, sairia mais cedo e mais tarde. E se deixassem-no cair no chão? E se fosse trocado ou roubado do Hospital? E se algum maluco na rua, visse meu bebé tão lindinho fizesse mal à ele?? E se ele fosse pra escola, e os coleguinhas batessem nele??

Virei pra ele e disse : meu filho, não sai daí, fica aí dentro que pelo menos eu posso te proteger sempre!!!

Paranóia pura.

Mas como esse garoto nasceu pra me contrariar, resolveu vir ao mundo depressa: ainda nem eram 10 da manhã e já aqueles pulmões berravam a toda brida. E como esse garoto berrava....
Acordou a ala toda da Maternidade, e os outros bebés, por simpatia ou solidariedade, resolveram entrar no coro. Nunca vi tanta enfermeira correndo de um lado pro outro, tentando ajudar as mães a acalmar aqueles pequenos berrantes.

E assim, o meu primogénito nasceu, pra fazer confusão, contrariar as regras, ser inconveniente (pô nem deixou eu dormir um pouco), glutão, senhor de seu nariz... de tal forma que, quando fui ao meu Médico de Família, um mês depois, tinha voltado aos meus 47 quilos...pra desespero do médico.

E assim, na desdita de ser mãe, mesmo por vontade própria, somente o fedelho recebe os Parabéns. Esquecendo que pra ele chegar onde chegou, teve que contar com a entusiástica colaboração dos pais, porque sem isso, ele cá não estaria.

O mais caricato da situação é esta: apesar de tudo, engravidei do segundo filho sem tratamentos, sem stress...foi na base mesmo do momento de loucura.....ahahhahaahahah.

Quanto mais a gente anseia por engravidar, menos consegue. Acho que as coisas nos acontecem quando tem que acontecer. Mais nada.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Deserdados


Com o país caindo no buraco mais fundo do planeta, em plena tanga, totalmente no desespero, ao dar de cara com esta notícia, dá vontade de chorar... de raiva.

Que o Durão Barroso esteja a fazer um excelente trabalho pela União Europeia, não coloco em dúvida. Mas não posso deixar de lembrar, quando os portugueses, fartos da incompetência do Governo Socialista liderado por Guterres, votaram em eleições fora de época e ganhou Durão Barroso.

E ele nos abandonou...

Foi para União Europeia, fazer o bom trabalho dele por lá. E nós, ficamos como mulher traída: atordoados, incrédulos . Isso não se faz.

Porque não ficou ele por aqui, fazendo algo por esta terra que tanto precisa de gente competente, com vontade de mudar?

E depois não bastando um governo sombra liderado por Santana Lopes, que perdeu outra vez aos Socialistas (povo é mesmo imbecil), nos levando pra esta jangada desgovernada que é Portugal.

Provavelmente, para Barroso, seria uma luta sem glória, uma vez que a quantidade de políticos preguiçosos e corrupção que grassa neste país é tal, que não conseguiria levar pra frente os projectos.

Quero por outro lado, lembrar à todos da Esquerda (PCP, BE, Verdes e etc) que foi graças ao chamado "voto útil da esquerda" que temos que aturar a cáfila socialista que neste momento comandam o nosso destino. Bela cagada né camaradas???

Por isso, faziam melhor serviço se ficassem com a matraca fechada, e não falassem mal daqueles à quem ajudaram a eleger.
E pensem bem o que é melhor para o povo: um partido que se diz Socialista mas é Fascista, ou outro que não seja de esquerda e não se prenda com eufemismos.

Se é que algum partido está preocupado com o bem estar do país e do povo.

Tenho sérias dúvidas.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Irmãos...parte II ( Hábitos Alimentares)


Se tem estômago fraco, sai da página.

Ora bem, comecemos. Meu irmão mais novo é pai recente. E como pai recente que é, procura ser um super pai. Pior coisa que pode acontecer pra quem tem filhos é o pestinha não querer comer aquilo que os pais querem e que acham que devam comer.

No caso, minha sobrinha Fifia ( é assim que ela diz o nome dela) tem as suas preferências: tem dias de só querer comer feijão, tem dias de só comer banana e por aí adiante. O que pro meu irmão, que nasceu com dentes até aos pés, é uma afronta à dignidade dele de pai.

Esse meu irmãozinho, comia cebola crua como a gente come maçã, comia batata crua, sabonete, tudo aquilo que deitava a mão, marchava pra boca.

Meu outro irmão comia a comida do cachorro da minha madrinha, um bonacheirão Boxer, tamanho Xl, que não se importava nada com isso. Aliás, os dois dividiam a gamela juntos. Um nojo de resto de comida e baba de cão.

A minha irmã, que nasceu com síndroma de princesa, só comia comida de boião. Quem nunca provou aquela mistela pode achar que até é uma boa ideia. Mas sem falar da despesa astronómica, ela só usava os dentes pra roer doces. Agora é vegan.

Eu fui uma coisa ruim por demais pra comer, abria a goela, chorava e fazia birra, dizia que a comida da vizinha era melhor. E enquanto eu ia pra casa da vizinha, a minha mãe passava o prato por cima do muro...e eu acabava por comer tudo, num prato diferente, mas da comida da minha mãe. Depois, entrei pra escola, e aí a minha mãe brigava pra eu parar de comer, que eu comia demais.

Todo pediatra, todo livro sobre crianças dizem o mesmo. Até mais ou menos os 4 anos há a fase de aberrações alimentares. A fase mais aguda se situa nos dois anos de idade. Idade da Fifia.

Então é assim, ele força a menina pra comer (tal como meu pai fazia, chegava mesmo ao ponto de comermos duas vezes : uma na tromba e outra a comida do prato). E sabendo o que sei hoje, mãe de dois filhos, não há pior guerra no mundo do que na hora da refeição.

Criar braço de ferro entre pais e filhos na hora de comer, é horrível. Aliás, tanto uns como outros já vão pra mesa sabendo que vai ter forrobodó. E cada um afina as suas tácticas pra vencer nisso. E sabem de uma coisa? Não tem vencedor.

Ficam todos enervados, ninguém come direito, há choro, há vómitos, recriminações e mais nada.
E mais, se a Fifia for levada pra comer longe da presença dos pais, há de comer tudinho sem choro, briga ou ralhete.

Depois de ter passado em casa dos meus pais por situações aberrantes nesse assunto, falei com médicos, li e falei com muitas mãe. E decidi não fazer da hora da refeição uma tragédia. Nem me senti menos mãe por isso. E fiz uma comparação bem lúcida do assunto: a quantidade.

Uma criança de dois anos, não pode, não deve comer em prato raso de adulto. Uma criança de dois anos tem um estômago de tamanho menor que de um adulto. Um prato de sobremesa é o ideal. Se a criança quiser repetir, melhor.

Todo médico fala que entre se empanturrar de uma vez só, o ideal pra todo mundo e dividir as nossas refeições em 6 ou 7. Preferível uma criança, que hora come uma peça de fruta, hora come um yogurt, do que querer que ela coma um prato cheio no almoço de arroz , feijão, salada e bife.

Eu sei que na cabeça do meu irmão ele faz o melhor que pode e acha nesse assunto. Também sei que ele não quer uma filha tão enjoada como a minha irmã. Mas cada um é como é.

E esta fase, há de passar.

Só gostava que se quebrasse certos vícios de "criação", onde TEM que ser assim e mais nada.

Somos a nova geração, cabe-nos mudar o que estava errado, não perpetuar os erros alheios.

Cansei.

Irmãos...parte I


Eu tive a pouca sorte de ter nascido primeiro. O que quer dizer que todas as esperanças foram depositadas logo à nascença em cima dos meus pequenos ombros. Chatice.
Escusado será dizer que defraudei todas as expectativas dos meus pai: não fui saudável (asma), não era muito de lacinhos e coisas assim, adorava uma briga e fui uma estudante com bastante personalidade. Adorava soltar pipa, andar de bicicleta e todas essas coisas que menina não faz. Azar né?

Portanto, sou a mais velha de quatro pestinhas, tão diferentes e tão iguais entre si, como os dedos de uma mão. Ou quase. Digamos que após o desaire dos meus pais na aposta que fizeram em mim, foram mais liberais com os filhos mais novos do que alguma vez foram comigo. Em resumo, fui a cobaia mal sucedida.

Isso quer dizer que tenho uma irmã e dois irmãos. E a pestinha da minha irmã nasceu só pra queimar meu filme...
Depois de ela ter me exposto de maneira tão, tão... como direi...ahhh esquece!! Irmão mais novo é mesmo uma peste.

Sim, é verdade que quando danço meus filhos ficam com aquela cara de "será que tá na hora da gente internar a nossa mãe??". Mas passo a explicar:

Além de todos os defeitos que meus pais sempre fizeram questão de me lembrar como uma filha primogénita incapaz, nasci com a incapacidade de dançar. Sou aquilo que se diz: tenho dois pés esquerdos.
Ainda tentei aprender, com um primo pé de valsa, participante de concursos de Danças de Salão, mas...o que ele disse desmotivou-me:

"Dançar contigo é a mesma coisa que arrastar um frigorífico pela casa..."

Desisti, definitivamente desisti de tentar aprender danças de salão. Embora fique como um sonho não realizável, dançar um tango. Paciência.

Mas na dança do eu sozinho, a gente pode fazer o que quiser que ninguém liga mesmo. No meu caso, só faço isso quando passo um nível particularmente difícil de um jogo. Faço a minha dança da vitória. E aí??

Lógico que nem me passaria pela cabeça filmar uma coisa dessas, porque por muito destravada mental que eu seja, ainda tenho noção do ridículo. E um bom nome e uma reputação à zelar.

Sim, é verdade que se eu for olhar bem pro caso, ninguém na família bate certo, é tudo gente meio...exótica. E meus irmãos não fogem à regra. Todos tem uma pancada. Felizmente.

Mas dentre todos os micos que paguei, de todos os filmes que os meus irmão me queimaram...poderia escrever uma novela.

Desde os seus estranhos hábitos alimentares até às brincadeiras mais parvas, que invariavelmente acabavam nas Urgências do Hospital, tem de tudo. Cabeças abertas, pés furados com pregos, canetas espetadas no céu da boca, cabeças presas entre grades de berço ou lavatório de casa de banho... não falta nada.

Provavelmente começarei aqui uma série sobre os desaires dos manos. Se bem que o meu irmão à seguir à mim seja o campeão das asneiradas. Se houvesse uma ideia espatafurdia, ele colocava em prática. Um autentico suicida.

E é assim...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Quem vê caras...


Olhando assim à primeira vista, a gente lembra logo daqueles filmes dos anos 80, com o Jason, o seu machado e muito sangue e gritos.

São os Slipknot, um grupo de Nu Metal americano. Confesso que o primeiro trabalho deles não era bem meu tipo, pra barulho gosto de outros.

Outro dia, um amigo do meu filho trouxe-me, só pra me chatear, umas músicas pra ver se eu gostava...quando vi que eram eles, torci o nariz, mas arrisquei. E gostei.

Alguém daquele grupo se apaixonou, e o amor faz a gente fazer coisas que ninguém imagina, até uma música assim como esta.







Sei que agora os fãs estão decepcionados, por que o último trabalho "All Hope Is Gone" não é nada do que se conhecia de Slipknot.

Este vale a pena escutar. Alias, faz parte da Banda Sonora do filme Underworld Evolution.


Eu gosto de uma vampiragem.....

O mundo digital


Esta não é uma imagem tirada do espaço, de um qualquer planeta perdido na imensidão do Universo. É apenas uma foto, singela tirada da minha janela. Da lua.

Parecia aquelas cenas de filme de terror, lua envolta em nuvens de prata... muito romântica. E Juro por tudo mais sagrado deste mundo, era tudo tons de azul e prata. Sabe o que aconteceu no meio disto tudo?? Maquina digital. Lá foram pras urtigas as minhas aulas de fotografia. Esta porcaria de maquina tem vida própria e não aceita sugestões.

Por essas e por outras que no meio musical há gente que pede a volta dos antigos modelos de som, querendo acabar com o formato MP3. Até o formato Flac é melhor que o MP3.

Mas como diz a minha irmã, maquina digital é boa pra "foto conceito" (leia-se foto estranha que parece de um autor artístico meio embriagado e do qual só o mesmo conhece o significado), e que até ficou bonita a foto.

Mas a que eu queria fotografada, era aquela lua que cantam os poetas e pra quem os lobos uivam de noite.

Ô falta de sorte!!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Mau Humor??? Eu?????



Começaram as aulas.

yupi.


Quem é pai sabe as facadas que recebe até ao final do ano escolar. E sinceramente, ainda não entendi essa de que o ensino obrigatório é gratuito. No que???

Bom, nem preciso dizer que agora lançaram a palhaçada do Diploma de Mérito, cujos critérios estão nas mãos de uns quantos cretinos . Nem preciso de dizer que um professor não pode dar 3 negativas por período do ano, o que vai acabar por passar uns quantos despreparados.

Tirando isso, uns quantos milhões injectados no apoio escolar, que acaba por ser uma armadilha. Os critérios que dão por base a atribuição desses subsídios tem mudado de ano pra ano, além de serem cada vez mais absurdos.

A última novidade: lá fui eu, bela e lampeira saber qual escalão tinha sido atribuído aos meus filhos, quando me deparo com a seguinte sentença: "Falta um papel".

%##"))//!!!!

Foi o que eu pensei mas não disse. O tal papel é da Segurança Social, no qual deverá constar o escalão de abono dos meninos. Essa lei saiu em Julho, plenas férias, pais sem saber de nada. Lindo.

Agora um à parte.

Embora não tenham reparado, lá em cima diz: "Mais desabafo que qualquer outra coisa".
E é isto que este blog é.
Embora me chamem de negativista, a verdade é que sou pragmática, e as coisas são como são. Não nasci com personalidade Pollyana, aquela menina que estava sempre contente, tudo a fazia feliz, e tudo era cor de rosa.

E como sei que certas coisas só servem mesmo pra desabafo, que eu sei que muita coisa é só uma parte desta minha vida, acho que posso e devo socar aqui no blog o que me apetece. A civilizada, isso sou todos os dias. Agora, aqui... tenham a santa paciência, quem manda sou eu!!

Vou continuar a falar das Segundas , das filas dos infernos e de tudo aquilo que me chateia. Ou que me faz rir. Ou o que me toca.

Dito isto, e tirando o facto de que meu filho mais novo ficou com a mesma incompetente professora de matemática, me vejo na iminência de ter que tomar providencias, para que essa docente acabe por merecer o salário que recebe. À bem ou à mal. Mas tenho a impressão que será à mal. É cá uma fezada...

Dito isso, e enquanto eu vejo a minha carteira esvaziar apesar de ser apenas o meio do mês, confio que as coisas melhorem, que caia o Governo, que façam uma revolução, qualquer coisa.

Menos este conformismo geral.

E tenho dito.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

O fim do segredo


Como este humilde blog é lido por pessoas de todos os lado em que se fala a língua portuguesa, não cai nada mal falar de uma coisa que ao mesmo tempo que é instrutiva é ao mesmo tempo um dos meus muitos desabafos.

Uma das coisas que mais me faziam confusão à minha cabeça, eram os trajes regionais. Alguns eram pra mim, uma verdadeira tortura. Mas isso é também um reflexo de um trauma meu de infância. Meus avós portugas resolveram me vestir com um traje do Minho...no Carnaval ...quando eu vivia no Brasil.
Traje de minhota tem uma porrada de saiotes, culotes, meia alta até ao joelho, peitilho, camisa de algodão de manga comprida, colete, saia e lenço de LÃ!!!! Carnaval no Brasil é com calor, de andar tudo pelado.

Mas avós saudosistas dão nisto: o pior mico que paguei na minha vida. E tudo porque eu tinha apenas uns 4 anos e não podia me rebelar... mas até me rebelei...puxei o brinco da minha avó e quase rasguei ( ou rasguei mesmo) a orelha dela. Ahhh e saí com uma porrada de ouro em cima. Isto foi no tempo em que se podia sair com jóias nas ruas do Brasil.

Mas continuando.

Sabem porque as mulheres da Nazaré (cidade a beira mar, local de veraneio e famoso pela sua santa), no seu traje usam 7 saiotes??
Quem me esclareceu isso, foi uma professora de Liceu. Tá, eu fui uma betinha, estudei em Liceu. Esquece.

Ela dizia que os 7 saiotes tinham um caris erótico. ??? Fiquei besta. Num país eminentemente católico, usar saiotes pra ser motorzinho de arranque???

Aí, ela meio rindo, explicou que era mais ou menos o contrário, era um tipo de "sossega leão." Então a coisa é assim:

Os maridos das nazarenas, saiam para o mar, pra pescar o sustento da casa. Muitas vezes, estes homens ficavam dias no mar, na companhia de seu colegas...e nada de sereias. Quando voltavam pra casa, vinham cheios de amor pra dar, e sabe como é, quando isso acontece, ficam um pouco...fogosos demais.
Daí que o tirar das 7 saias, além de ser um stripp particular, dá tempo de ele colocar as ideias no lugar e ser mais comedido. Achei interessante.

Chegar até ao xis da questão levava o seu tempo, tinha toda aquela magia das roupas interiores, com os bordados, as cambraias, as redinhas, laços...todo aquele mistério feminino que faziam os homens sonhar.

Vamos já de cara esclarecer uma coisa: não sou púdica, nem bota de elástico, nem moralista. Mas alguém pode me explicar qual é a piada de usar roupas que parecem lingerie??

Vestidos, tops, tudo imitando as lingeries, sutiãs fora da blusa, ou debaixo de uma blusa transparente...

A moda tirou a graça toda do mistério da lingerie. Do segredo da sedução. Acabou de vez isso tudo. Neste momento tá tudo à vista desarmada.

Lembram daquela novela da Tieta, em que um dos grandes mistérios da cidade, era quererem saber se a viúva usava "calçola vermelha"??

Não sei se é por por ter nascido com uma mente curiosa, de querer desvendar segredos, que me faz sentir tão frustrada dever que banalizam tudo.

E já agora, aquele livrinho infeliz chamado O Segredo...não passa de uma colcha de retalhos de pensamentos alheios. E só fez sucesso por dois motivos: como as pessoas tem preguiça de ler, é mais fácil ler aquele pedacinhos infames. depois o título, que parece que vão dar a receita da pólvora sem chumbo.

Ô livrinho miserável....

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Filho...um verdadeiro reclamante...




Tenho um certa birra com os meus homens...são 3, pai e dois rapazes...

Todos herdaram de não sei quem ( eu até sei, mas só falo na presença da minha advogada), um desorganização assombrosa. Que cada dia que passa me irrita cada vez mais mais.

Já se tornou desnecessária a explicação do que para que servem as gavetas, pois fica tudo espalhado em estantes, secretárias, que são domínios deles, para passar pro meus domínios: em cima do frigorífico, poltronas da sala....um caos.

Antes de acabarem as aulas, meu filho mais novo num tom de pele entre o amarelo e o verde, veio me pedir ajuda pra encontrar a Pen Drive dele perdida...no quarto dele. Da porta e olhando pro universo dele... me senti...um Indiana Jones a procura da Arca Perdida. Uma pen drive é daqueles objectos pequenos e que passam desapercebidas. Daí o meu medo. E a dita pen tinha lá dentro todos os trabalhos que precisavam ser acabados e apresentados naquela semana.

E aquela $#"((/&) da pen tinha caído atrás do PC, tudo porque ele joga as coisas em cima da mesa...aliás, a coisa se passa mais ou menos assim, o que está em cima da secretária, durante o dia passa pra cima da cama, quando precisa dormir as coisas voltam pra secretária.

O mais velho é perito em perder peças de roupa... dentro de casa. Metade da roupa tem que ser procurada pra ir lavar. A gente procura pelo cheiro....quanto pior, certeza absoluta que aquela T-Shirt que ele disse que deixou no balneário da escola está encafuada em algum lado. Tem uma absoluta incompetência pra procurar uns boxers no cesto da roupa lavada....tá mesmo ali na frente, mas ele não acha.

Meu marido é o eterno problema com os papéis. Manuais de aparelhos domésticos e electrónicos. Tudo isso desaparece nas horas mais impróprias. Coisas importantes, que ele nem faz a mais pequena ideia onde guardou.

Me vejo na contingência de ser eu a memorizar todos os lugares, todas as coisas que pertencem a cada um pra poder encontrar.

PS: Meu filho mais velho tem 17 anos, o mais novo tem 13, de maneira que já que eles tem tanta vontade de serem adultos...porque não começar por gerir a limpeza do seu próprio local de habitação?? Daí que ele se quiserem, que limpem e apredam que isso não é fácil, principalmente com 3 sujando e um só arrumando. E não me sinto culpada nem menos mão por isso.

E tamos falados!!!

Paralelos


Como meu marido trabalha em Espanha, fomos passar uns tempos com ele por lá, já que o coitado não teve férias.

Dai que é muito difícil não fazer comparações entre cá e lá. Vivo numa cidade pequena aqui em Portugal, com um rio que passa pelo meio da cidade. poderia-se dizer que a minha cidade cheira mal....mas não. É uma cidade limpinha, com muito verde, flores e bem tratada. Apesar disso, eu reclamo da falta de Eco Pontos, da falta de varredores e tal e coisa.

Chegando na tal cidade onde ele trabalha....deparo com um problema que é pra mim difícil de entender. Como é que tem gente que ainda escarra no chão???!!!

Meu, tinha cada escarradela que parecia um ovo frito...e era um verdadeiro rally andar nas calçadas. Se não era escarrada, era cocó de cão, ou vomitado. Putz!! Que nojo...

Depois no final do dia...tinha um cheiro horrível no ar, sabe aquele cheiro de casa de banho de rodoviária??? Ai meu santo. Toca de fechar janelas, mesmo com os 40 e tais graus que lá fazem, ligar ar condicionado e rezar pra conta de luz não ser muito grande. E foi aí que soube que perto da cidade tem uma ETAR . Quando o vento sopra de lá... é aquele cheirinho de bosta que até agonia.

Agora falando sério. Como dona de casa e responsável por alimentar 3 mamíferos de dentes até aos pés, vi que os preços na alimentação por lá são muito em conta. E não só. Ir às compras lá pro mês, sai pelo menos a metade do que aqui. E ele tiveram a mesma crise de combustíveis que nós...vai entender.

O povo é simpático, as mulheres falam alto pra caramba, andam na rua meio despidas, muito pintadas ( e eu me pergunto como aquela pintura toda não derrete com o calor). Mas no geral, são um povo simpático. Não tive razões de queixa.

Tirando a falta de higiene nas ruas, acho que poderia muito bem pensar em viver por lá...quem sabe né??

Ainda não completamente....


...estou voltando das férias.

E férias pra mim, significa sair da rotina. Completamente. Dou-me ao luxo de fazer o que quero, quando quero e como quero.

Tenho feito de tudo um pouco, entre elas incluiu um fenómeno interessante. Troquei o dia pela noite. O que está me custando bastante pra entrar na rotina do relógio.

Estou comendo muita porcaria, fritura, molhos, salgadinhos, gelados...uma verdadeira ode ao colesterol e ao enfarte.

E para completar isso tudo, deixei de ver os noticiários. Tirei férias das desgraças deste país. Até porque, tirando os desaires do futebol, o povo continua sendo enrabado pelo governo, eles enchendo os bolsos e tudo na boa. Se é assim, pra que é que vou me incomodar durante as férias né??

Descobri algumas preciosidades do meio musical, alguns filmes que andava atrás faz anos... e descobri quantas gargalhadas deliciosas poderia dar com aqueles livrinhos de bolso, de novelas cor de rosa... aqueles que se vende nas tabacarias....

Nunca ri tanto como ao ler esses livros. Mas atenção, só gosto daqueles que são do tipo histórico...são gargalhadas garantidas.

Pois é, na segunda semana deste mês começa o meu corre-corre.

Portanto, é de aproveitar as férias até ao tutano.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Tantra ou Tântrico?


Depois de ler este assunto no Blog da minha irmã, pensei nas várias facetas estúpidas dos americanos.

É bem verdade que uma vez por outra acertam em alguma coisa. Mas Raramente acertam sempre. Não basta o simples facto de ignorarem onde fica localizado o próprio país, nem sequer saber que a Europa é um continente e não um país.

Agora descobri porque as mulheres americanas na sua maior parte são obesas. Por uma pesquisa efectuada, 70% dos homens americanos ejaculam após 2 minutos da penetração e raramente conseguem ter uma relação que dure pelo menos 15 minutos. Imaginem a frustração da mulherada que ainda nem começou a "aquecerem as turbinas" e ficam de mãos a abanar com o término da corrida. Onde irão desafogar as frustrações?? Na comida. Bombons, gelados, burritos, vale tudo!!!
Mas parece que as que são muito magras e completamente obcecadas com o exercício físico procuram desgastar a energia física acumulada assim, já que na cama, sabe deus, a fome que passam por lá. E mais: corpo cansado esquece de sexo.

Durante muito tempo, o prazer feminino foi desprezado em prol de um um comportamento social-religioso correcto. O sexo era considerado um dever conjugal. Só as mulheres de vida fácil (termo muito controverso), poderiam demonstrar e desejar o prazer. E como na América do Norte a sociedade balança entre o santo e profano com um total desequilibro, não admira que andem tantas cabeças (e não só) confusas.
Há muito pouco tempo, uma publicação americana tipo "Pais e Filhos" foi fortemente criticada pela capa. Nela, havia uma foto de uma mulher amamentando o filho...com o peito desnudo. Uma escandaleira!!! Muitos disseram que raiava a pornografia (????). Aliás, me lembro da Demi Moore quando tirou fotos nua quando grávida, mas aí era a Demi Moore. Ela pode.

E oscilando nessa hipocresia nojenta, se move o nosso mundo dito moderno.


Mas para falar a verdade, há muitos homens de várias nacionalidades que são mais o Speed Gonzalez, do que o coelhinho da Duracell. Isto pode ter várias razões.

Uma delas, se prende com a necessidade das mulheres quererem mostrar que são quentes na cama, daí, naquele minuto e meio em que ela vê que tudo se vai acabar... ela finge que também chegou lá. E o pobre fica iludido que aquilo foi tão bom pra ela como foi pra ele.
E porque razão ele iria mudar de táctica , se ela é capaz de o acompanhar?? Pois. Mentir nunca teve bom resultado.

Outro motivo, a velocidade em que a gente vive, tudo pré feito, pré congelado, comer de pé (tô falando de comida tipo almoço e jantar), mal, rápido e porcamente.
E tudo gira à volta do relógio, do tempo que pode perder e de todas essas limitações que temos por viver nos tempos modernos.

Vivemos na época da aparência, não do conteúdo. Tamanho do peito, tamanho das nádegas, do...pois, dos bícepes e tal e coisa. Mas depois, minha gente, o desempenho...é uma lástima. E quando abrem a boca então pra falar algo, só sai besteira. Roupa, carro, casa, tudo serve pra mostrar quanto é bom ou boa. Mas na hora da verdade, são tão fugazes quanto uma estrela cadente.

E depois tem a diferença entre fazer amor e fazer sexo.

Muitas vezes comparo as duas situações com estes dois tipos de vivências que aqui explico: Comer em restaurante e comer no Mac Ronald.

Comer num restaurante que a gente gosta é fazer amor. A gente conhece o garçon, ele sabe a mesa onde a gente gosta de ficar, sabe os nossos gostos, embora muitas vezes nos sugira pratos e vinhos diferentes. Tem a honestidade de dizer que hoje, aquele prato não está bom e sugere outra coisa. É um lugar acolhedor, onde a gente se sente bem e sem pressas. A gente tem tempo de saborear as coisas, e se for preciso, a gente pede mais sal ou mais pimenta...

Comer no Mac Ronald é sexo: pura necessidade que tem que ser satisfeita. Num minuto um perfeito estranho aceita teu pedido na ementa pré determinada. Ele nem olha na tua cara, soca uma bandeja e todo o conteúdo que precisas num piscar de olhos. Sentas-te na mesma mesa com estranhos, mas satisfaz a mais primaria das tuas necessidades. A comida nem é má, mas não é coisa que se perca tempo em saborear. Por algum motivo é chamada de comida de plástico. É comer, despejar a bandeja e ir embora. Uma vez por outra, ainda vá que não vá. Mas por sistema, está provado que faz mal à saúde.

Acho que as pessoas estão perdendo o "paladar" da vida.

Mas, para aqueles que querem recuperar alguma dignidade como pessoa, e para aquelas mulheres que querem ter aquilo que lhes cabe por direito, deixo como sugestão este artigo muito interessante. Fala sobre o Sexo Tântrico e de como pode-se controlar o orgasmo e ejaculação. Porque temos que ser francos, o orgasmo dura uns míseros segundos, o que realmente dá prazer, é chegar até lá. A antecipação do prazer é tão ou melhor do que o próprio prazer em si.

Parece que a coisa toda começou quando Shiva e Shakti faziam amor e conseguíram aguentar o mesmo coito durante 25 dias (a gente nem pede tanto), com o valente Shiva aguentando a ejaculação durante esse tempo todo. Mas durante esse tempo todo, usufruíram do prazer que um proporcionava ao outro. O que quer dizer que aquilo não era um "Faça você mesmo", ou "Bloco do Eu sozinho".

Mulheres deste mundo, sejam honestas, não tentem iludir os seus homens, nem fazê-los pensar que são umas máquinas quando a coisa acaba onde nem ainda começou. Isso é desonesto demais.

Homens, falem abertamente e percam algum tempo a tentar descobrir como "acender" uma mulher. À isso se chamam preliminares. O Kama Sutra ensina 10 maneiras só pra dar aquelas chamadas dentadinhas do amor. Se estão interessados, qualquer livraria que se prese costuma ter esse livro. Procurem também o livro Jardins Perfumados, esse é árabe, mas é extremamente sensual. Lindo até.

Se a sua sexualidade anda pelas ruas da amargura, procure melhora-la. É um direito que tens, só pelo facto de teres nascido com pontos de prazer.

E mais nada.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Desactualizada


Sabe o quanto uma pequena coisa pode nos mostrar tanto?? Pelo jeito, aquela máxima de que em pequenos frascos se guardam importantes fragrâncias está correcto.

Imaginem que num dia destes, meu filho mais velho vem ter comigo e me pede o telemóvel. Perguntei pra que, afinal, será que ele já tinha estourado o saldo do dele e ia estourar o meu?

"É só pra colocar nele um programinha que faz de repelente de mosquitos e outros insectos", respondeu ele.

Eu, meio desconfiada, pensando na patranha que isso seria, entreguei na mão do rapaz o dito telemóvel. Minutos depois me aparece com ele e me explica como funcionava o tal programa, como activava e quais as frequências que poderia escolher.

Sei que certas frequências que não são audíveis aos seres humanos são para os animais, e que algumas são bastante maçadoras para eles. O que me faz ficar encafifada, não é isso existir. É a rapidez com que tudo pode ser feito hoje em dia e adaptado ao nosso universo cibernético.

Se a gente pensar bem, um telemóvel é uma agenda, MP3, camera de filmar e fotografar, tem Internet, GPS, calendário, relógio, dá pra ver TV em tempo real,dá para escrever um blog... e pasmem, dá até pra telefonar!

Podem me chamar de antiquada, até posso ser, mas gosto das coisas separadas, fotografar com a máquina certa, ouvir música no meu MP3, ter a minha agenda em livrinho de papel, essas coisas , sabem?

Nem imagino o sofrimento que será quando uma pessoa que tem um desses telemóveis que fazem tudo, menos lavar roupa, quando perdem o bichinho. Deve ser uma catástrofe.

Ainda sou apologista da carta, ainda sou apologista da foto em papel, do livro, e de todas essas coisas que se podem fazer hoje em dia num aparelho de colocar no bolso.

Não desprezo a tecnologia, mas não me sinto escrava dela.Meu telemóvel já tem uns anos bons, já é considerado um chaço, mas mesmo assim, para aquilo que eu quero, tá muito bom.

A velocidade em que tudo é acoplado em coisas do nosso dia a dia se torna assustador. Mas tudo em nome da economia e da versatilidade do mundo moderno.

Pensem bem, há 30 anos atrás, o dia tinha 24 horas na mesma como hoje em dia. Mas o tempo hoje não rende nada. Mesmo com a vida facilitada, o tempo foge numa correria louca. E o dia se acaba com muita coisa por fazer. Mas penso que muitas coisas que fazemos, são desnecessárias, arranjamos coisas pra fazer e preencher, ou para não pensarmos nas que realmente interessam.

A gente pode ter shampoo 2 em 1, comida congelada, limonada em garrafa, mensagens instantâneas, consola que ajuda a fazer ginástica, mas dizemos sempre que não temos tempo.

Enfim, ou o meu saudosismo do tempo em que tinha mais tempo está atacando de novo, ou estou ficando velha.

Já agora, o tal repelente no telemóvel funciona. Pelo menos não é poluente, não mata os bichinhos (imaginem se eu venho na próxima encarnação com a vida de melga???), e faz com que a gente durma um sono sossegado, sem aquela sinfonia e tapas na cara.