quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Crónica de uma desgraça anunciada


Meu corpo sempre me pregou partidas, mas nunca como agora.

Passei a minha adolescência invejando as formas que os corpos das minhas amigas e colegas tomavam em tão pouco tempo, enquanto que eu, andava numa eterna infância.

Me sentia traída. Crescia desmesuradamente, depressa demais e sempre uma moleca, uma maria rapaz. Teimei com a minha mãe porque queria o meu primeiro sutiã aos 11 anos. Todas as minhas colegas tinham, porque eu não???

Mas era uma coisa sem graça, porque a minha semelhança com uma prancha de surf era inequívoca. Plana.

Bom, meu corpo demorou mesmo muito tempo a acordar, e mesmo assim, continuou em estado de vigília. Apesar de ter 1, 70 mts, pesava uns miseráveis 45 kg aos 21 anos. Não, não sofria de nenhum distúrbio alimentar, comia bem. Meu corpo é que não reagia de forma nenhuma.

Todas as piadas e alcunhas que existiam sobre gente magra, eu conhecia todas. Comprar roupa, um suplício: o que ficava bem no corpo fica curto nas mangas e nas pernas. Dificilmente achava calças que se ajustavam perfeitamente em mim, e só encontrei no ex Grandela: nº 35.

Não posso dizer que isso me deu só desvantagens. Podia fazer Topless sem chamar a atenção de ninguém, e fiz sem problemas. Me mexia sem complexos nenhuns, corria e saltava sem problemas.

Mas agora...meu corpo, sempre inconveniente, se lembrou de acordar. Não sei de onde raios me surgiu peito e ancas. Assim, de uma hora pra outra.

Só me dei conta do facto pelo seguinte:

Passei todo verão de alcinhas e T Shirts, sem preocupação de sutiãs e outros acessórios. Mas com o tempo a mudar e uma visita à familiares, lembrei de vestir um camiseiro...e não serviu.

Chegava na parte do peito...e não havia botão que resistisse. Ficava tudo repuxado, meio estranho. Tentei outro, e outro e outro e todos na mesma. Roupa não encolhe no cabide. Isso eu sei que não acontece. Fui colocar uma calça social, de fazenda...e a mesma coisa..não passava da anca. E eu praguejando e me contorcendo como dançarina de dança do ventre no meio do quarto, enquanto uns olhinhos brilhantes olhavam pra mim: meu marido.

Prontificou-se logo pra ajudar a conter o peito enquanto eu apertava os botões do camiseiro, que recusei, pois já estávamos atrasados. E achou que eu estava muito bem...até ouvir a clássica frase feminina : "Não tenho nada pra vestir".

Bom, hoje fui dar uma volta ao guarda fatos e foi uma decepção: Mais da metade dos camiseiros não me servem, o que sobrou só me serve com um sutiã tipo camisa de força. Das calças sociais, só me sobraram 3, que meu filho mais novo odeia, só gosta de me ver de Jeans e não com "roupa de velha" ou "roupa de executiva".

Enfim. Agora, mesmo usando O.B, não corro, não ando a cavalo, não faço tudo o que quero porque me cresceram umas coisas que me faziam mais falta antes. E ainda não aprendi como me mexer com isto tudo. É patético.

Será que finalmente a minha adolescência começou depois deste tempo todo?? Francamente!

E posso jurar, eu não tomei comprimidos milagrosos pra aumentar peito, não fiz cirurgia estética, nada de nada.

É intrigante.

1 comentário:

FAXINEIRA disse...

Legal será quando teimarem com vc que vc se submeteu à cirurgia plástica.....