sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Uma Ciranda



Lembro-me de um chapéu de ráfia cor de rosa, de levar na mão um balde com formas, pazinha e ancinho. Uma peneira servia de tampa pra isso tudo. A minha outra mão, ficava ocupada e bem guardada na mão do meu avô Tista, ribatejano de gema que se viu forçado à ir viver para o Brasil. Lógico que não íamos só os dois, o capeta do meu irmão mais novo também vinha com a gente.

"Eles tem que apanhar sol, pra sintetizar a vitamina D" foi a sentença do doutor Odorino Breda.

E quem melhor que meu vô Tista pra me levar no parquinho, lá bem perto da igreja onde fui baptizada (apesar de ninguém ter me perguntado se queria isso), onde tinha escorrega, baloiços e uma caixa de areia?? Só mesmo ele, com a sua infinita paciência nos levava lá, elogiava os meus castelos de areia, ficava de olho no capeta, e ainda assim, conseguia dar uma olhadela no jornal.

Quem se dá ao trabalho de ler o blog da minha irmã, deve ter lido que ela levou a nossa sobrinha no mesmo parquinho onde eu brinquei faz décadas. E isso me trouxe não só grandes recordações, como também algumas evidencias.

É que querendo ou não, as coisas na vida se repetem, tanto de bom como de mau. De bom é saber, que apesar de eu nunca ter podido levar meus filhos no parquinho da Praça Nossa Senhora do Bom Parto, minha sobrinha foi lá. Saber que meu irmão mais novo conseguiu frequentar o pré de lá (coisa que eu não consegui, não tinha vagas). Que minha irmã levava meu irmão lá para o pré todos os dias na companhia cão dela, e eu ia dar minhas voltas com a minha cadela no mesmo lugar.

Saber que essa menina, já não é bebé,pode se sujar na areia como eu fazia, ficar olhando outras crianças que brincavam, me bateu forte.

São círculos dentro de círculos, quase rituais de família. Coisas que se repetem, sem que sejam forçadas a fazer. Pena tenho que a minha sobrinha, a Fifia (ela fala o nome dela assim Fifia = Sofia) não tem a mão segura de um avô Tista, da sua infinita paciência, de uma atenção verdadeira de avô. Aliás, ela não tem avô nenhum.

Mas agradeço o facto de minha irmã, que considero sem falsa modéstia, uma criação tão minha, ou mais que da minha mãe, ter tomado o papel de tia que por enquanto não posso ter, devido à esta tamanha distancia que nos separa. A Débora faz aquilo que eu gosto de ser e fazer, educar os que estão crescendo.

E que mesmo num Brasil violento, cheio de injustiças e despojamento moral, ainda existam parquinhos com baloiços, escorregas e uma caixa de areia. E se me permitem, que hajam avós que dediquem um pouquinho do seu tempo em levar dois pestinhas para apanhar sol.

Fica a saudade infindável dos meus irmãos, do meu querido vô Tista, da minha cadelinha Nikita, e do tempo em que o meu mundo não era mais do que uma caixa de areia e sol.


Dedico este post à minha irmã Débora e a minha sobrinha Fifia. Duas meninas com um pêlinho na venta... que nem te conto! Mas que adoro do fundo do coração.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Nem precisam de falar nada


Essa foto aí de cima é do casamento da menininha de azul com um cão vadio. Não, o marido dela não é um cão de ruim, é mesmo um cão que faz au au au.

Eu sei que existem lugares no mundo onde a ignorância e o misticismo andam de mãos dadas, mas isto é o cúmulo!

Segundo parece a Pushpa, a menina de 7 anos, sofria de mau-olhado, de maneira que os anciãos da aldeia de Jharkhand, onde ela mora, decidiram que a única forma de acabar com o mau-olhado era casar com um cão.

Casar ainda menina, já é péssimo, embora ainda corrente em muitos países asiáticos, agora, ser obrigada a passar pelo vexame de casar com um cão, em cerimónia tradicional, vou te contar!!

Preferia viver com mau-olhado, do que com pulgas, carraças e sarnas.

Quando é que este mundo se transfere de vez pro século XXI?????

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Homem tem atracção por GPS ...porque???


Todo mundo sabe que homem adora uma engenhoca, de preferência com muitas luzes e botões, mesmo que seja incapaz de entender o funcionamento correcto do aparelho.

Daí que fico pensando numa razão plausível para alguém gastar um bom dinheiro num GPS. Um dos motivos mais conhecidos, é essa doença geneticamente implantada em alguns homens que se recusam a parar para pedir informações, saber onde devem de ir.

Aliás, está devidamente documentado esse procedimento masculino : Moisés ficou vagueando pelo deserto com o povo retirado do Egipto durante 50 anos....

Meu....Moisés era casado, imagina quantas vezes a mulher dele não deve ter dito : "Amor, pergunta pra aquele beduíno o caminho pra terra prometida"...e ele de cara fechada e ranzigando entre dentes..." perguntar caminho pra beduíno..como se eu estivesse perdido...."

Estão imaginando? Façam uma comparação igual à vocês, quando saem em viagem e levam os filhos, e eles começam: " a gente já chegou?" "a gente já chegou?", e você completamente perdido.

Moisés, tinha lá aquele povo todo, chagando a cabeça dele, querendo a terra prometida de mel e maná....mas era preciso ficar 50 anos perdido???

Isto tudo vem a baila porque??

Um colega do meu marido comprou um carrão, estupidamente caro, cheio de farnicoques, suspensão desportiva e....GPS.

Conversa entre os dois:

" E se desta vez a gente fizesse aquele caminho por Beja, que pouparia uns 100 kms?"

"Pois... mas eu não sei como é a partir daí"

" Então, não tens GPS no carro?"

" Tenho, mas não me entendo com ele...."

Fala sério, vai numa papelaria e compra um mapa!!!!!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Trinta e um


Hoje é um dia especial, meu primeiro bebê faz hoje 31 anos. Não, não fui mãe aos 13 anos, foi a minha irmã que veio a ser o meu primeiro estágio com bonecas de carne e osso. Ela ter passado nas minhas mãos serviu de aviso daquilo que me esperava no futuro.

E posso já explicar como:

Ela trocou o dia pela noite, o que quer dizer que durante dia era uma santa, de noite não deixava ninguém dormir, de olhão arregalado olhando pra tudo e com pulmão em pleno funcionamento. Nunca aquele corredor de casa me pareceu tão grande, como nas noites insones em que eu ficava de um lado para outro, com ela no colo tentando que ela adormecesse.

Temos que ser francos, ela foi muito mimada!! A passagem do leite para alimentos sólidos, foi talvez uma das maiores controvérsias lá de casa - ela só comia aqueles boiões para bebés da Gerber ou da Nestlé. Um balúrdio de dinheiro gasto nisso durante 2 anos...

Ela tinha uma táctica quando queria algo, infalível : agarrava-se ao objecto em questão e ficava fazendo aqueles olhos de cachorrinho abandonado. Meus pais cairam sempre nisso, pena é que a mesma táctica não pegava comigo...

De certa maneira, tive que lidar com um geniozinho levado da breca, não havia como dar a volta quando ela metia uma coisa na cabeça. Testou infinitamente a minha paciência.

Mas os bebés crescem, tornam-se adultos (mais ou menos), tem sua própria personalidade. E assim foi com a minha maninha. De certa forma me sinto orgulhosa de saber, que ela, cultiva gostos que eu mesmo cultivo. Algumas influencias dela, que obteve longe de mim, por um destes acasos do acaso são meus também. Assim como a tendência para olheiras, TPM, resposta pronta na ponta da língua...

Mas ela criou pensamentos próprios e vontades próprias. Moldou a sua personalidade ciente de que jamais poderá agradar à todos e que os amigos de verdade se contam pelos dedos de uma mão. É extrovertida e com um sentido de humor muito apurado, sem cair no banal/palhaçada.

Poderia passar horas falando dela, porque me sinto tão ou mais responsável por ela, do que a própria mãe.

Adoro-a!!

E apesar dos dias em que ela ainda leva aos limites possíveis a minha paciência, pra mim, vai continuar a ser a minha pequenina.

Parabéns maninha!!!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Estou começando a odiar as Segundas!


Eu pensava que era um dia como qualquer outro, mas não, é meu inferno pessoal. Segunda Feira definitivamente foi talhado pra me fazer perder o bom humor.

E a semana começa logo azeda por aí.


Saio de casa e levo meu filhote mais novo na escola, desta vez com as senhas de almoço, carteira, chaves, telemóvel...tudo direitinho. Ia ter tempo de ir pro banco, passar no médico pra pegar uma receita, levar o relógio pra arranjar e ainda ter dois dedos de conversa com uma amiga na hora do almoço. Esses eram os meus planos.

Sim, porque os dias mais agitados no Banco, são os do começo do mês, tirado isso fica mais fácil e eu tinha MESMO que ir no Banco hoje.

Chego lá...e é a visão do inferno!!! Mais de quarenta pessoas na minha frente...todas idosas, todas pra irem buscar a reforma...todas cheirando a naftalina!!!

Um a parte, eu sou alérgica a naftalina, o que me vem levantando a suspeita de que em outra encarnação fui traça.

Para aquelas quarenta e tais pessoas em fila, haviam apenas dois caixas funcionando. DOIS. Os mais molengas e os que dão mais conversa aos clientes.

Sabe como é velho no Banco?? Simples, reclama das costas, do tempo, dos filhos, dos netos, do governo, da água, do sol, do frio... Não escutam quando chamam o seu numero de senha, contam e recontam o dinheiro na caixa (só pra conferir se tá tudo certo), pedem pra ver as vinte cadernetas do Banco que levam, pedem pra dizer em voz alta quanto tem em cada conta, porque esqueceram dos óculos...ai meu santo...

Depois, pra alegrar a minha situação, meu filho mais velho telefona avisando que a escola tinha sido assaltada durante a noite, e por conta disso, não haveria abertura de refeitório nem do bar. Iam ter que almoçar comigo. E eu lá, na fila dos infernos. Sem nada feito em casa.

Meu desespero dobrou no momento que um dos caixas foi fazer a sua pausa pro café. Aí ficou um pra aquele povo todo.

Tentei me distrair com o que havia por perto, e qual não foi meu espanto quando deparo com um velhote com tanto pelo saindo dos ouvidos, mas tanto, que daria pra fazer uma trança. Depois olhando bem, o velho vinha com o pijama por baixo do casacão. O que me faz pensar, que o dito cujo pensaria que não ia sobrar dinheiro pra ele, então toca de ir como está.

Entrei na Caixa Geral de Depósitos à 10 e 41, e saí ao meio dia de lá. Com aquele bom humor, dizendo coisas que escuso de repetir aqui no blog. Vou no consultório médico pegar a tal receita:

" O senhor Doutor não vem hoje, tem que vir buscar a receita na sexta "

........................

Não tenho palavras para a minha indignação.

É noite de segunda Feira, estou um caco, não fiz nem metade do que queria fazer e que tinha que fazer. Vou tentar relevar o que se passou hoje, sempre na esperança que na próxima Segunda eu tenha mais sorte.

Mas duvido muito. Sabe aquela música que o Bob Geldof cantava??

I don't like Mondays...tell me why?

Eu digo porque.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Vem aí o dia dos namorados....


Vem aí mais uma data comercializada, o Dia dos Namorados. Vai ser a razão da subida do preço das flores, de um enjoo total de ver as montras cheias de corações, com paneleirces que ninguém vai usar, razão de brigas pelo esquecimento de comprar uma prenda pro/a dita/o cujo/a, e pouco mais que isso.

Existe coisa mais enjoativa do que ver um casal de namorados apaixonadinhos...e saídos de uma imitação barata dos Morangos (podres) com Açúcar?? Erghhhhhh, até mete nojo.

Mas na verdade, é nesse dia, que quem não tem namorado/a, fica pensando no seu estado actual. Conversa com a Cris, que neste momento esta sozinha, em fase pós divórcio, em que lembra deste dia:

" Vê lá tu, eu aqui toda gira, inteligente, independente, sexy (e modesta, completei), vou passar o dia dos namorados sozinha."

"Preferirias passar com o teu ex- gosma?" perguntei

"Credo!!! Não!!"

"Então cala-te!!"

Agora falando sério. Quem ficou casada/o durante um bom tempo, tem dificuldade em conseguir voltar às lides de entrar no campo de novas conquistas. E muito pior ainda com as mulheres, nós somos mais exigentes. Há quem confunda exigência com complicação. A frase base na boca dos homens é: mulher é um bicho complicado.

Não somos complicadas, muito pelo contrário, apenas não queremos ser a mãe suplente dos nossos maridos ou namorados. Pior, exigimos exclusividade. Aí é que a coisa se complica, ser homem para uma única mulher é ainda vista como um sinonimo de banana.


E o namoro de quem já não é adolescente, e já está numa fase mais madura é completamente diferente. A intimidade começa mais cedo. E com ela, vem a vontade de se criar mais laços, que muitas vezes, alguns não estão dispostos a fazer.

Depois tem o caso da química, a famosa química, em que o nosso lado mais primitivo fala mais alto, onde as feromonas nos fazem apaixonar por pessoas que nunca sonhamos na vida. É a atracção fatal. E contra isto, não há argumentos que cheguem.

Apaixonar-se e estar apaixonado, deve de ser a parte melhor de qualquer relacionamento. É isso que nos motiva na vida, a paixão que colocamos e sentimos pelo que temos.

No dia dos namorados, mesmo que não receba flores ou uma prendinha, não se sinta triste, nem faça uma cena , lembre que todos os dias, você tem alguém que te ama de paixão.

E isso e tanto quanto baste.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

A gente aprende todos os dias


Lendo hoje o jornal regional, me deparo com uma notícia muito interessante, e que talvez derrube alguns conceitos científicos e intelectuais

O assunto é sobre uma senhora que fez cem anos, viúva, teve quatro filhos, tem netos e bisnetos. Segundo parece, a senhora come de tudo, consegue tratar de si mesma, da sua higiene, gosta de dar um jeitinho no jantar, para ajudar a filha com quem vive e gosta de visitar os amigos.

E segundo diz, está aí pras curvas, como querendo dizer que tão cedo não despega da vida. Achei muito interessante, mais não seja pelo facto de os médicos dizerem sempre que a longa se deve à uma alimentação saudável (e ela come tudo mesmo) e coisas do género.

Só que escutei da boca de uma pessoa que a conhece a seguinte história.

Pelo que parece, esta senhora descobriu um método anticoncepcional infalível. E realmente, sem sombras de falhar: após o nascimento do quarto filho, ela pura e simplesmente enxotou o marido para o curral. Curral, estábulo, o que seja, é o lugar onde os animais passam a noite.
O que quer dizer que o marido era demasiado fogoso pra ser sustido, e como ela não queria ter um filho por ano, resolveu a situação dessa maneira. O mais caricato, é que o marido não só aceitou a situação como construiu um anexo onde a pouco e pouco se formou uma casa como deve de ser, com todas as condições.

Considerando que isto tudo aconteceu de verdade, só ficam algumas coisas pra pensar. Uma delas é até que ponto vai a capacidade das pessoas de aguentar um casamento sem contacto físico. Ou , de como um casamento pode sobreviver sem contacto físico.

Sabem aquelas conversas, que sexo não é tudo? Vai mais ou menos por aí.

O que é certo, é que a dita senhora, está viva, sã, mexida e de cabecinha lúcida.

Só me pergunto, quem não tem curral, como é que faz???