segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Chorar, a terapia do alívio



Embora muita gente nem perceba bem, mas apesar de tanto eu como a minha irmã termos fama de sermos secas, más e ruins (isto porque dizer a verdade esbarra na má educação, embora sempre procuremos falar disso de forma calma e racional), somos choronas.

É uma coisa sem explicação possível, mas na verdade, somos umas almas estupidamente sensíveis, ou não fossemos as duas aquarianas de gema.

Mas o mais caricato disto, é que não temos por hábito chamar por nomes estranhos aos nossos homens, aos nossos bebés, nem falamos em voz de falsete com animais ou crianças...nem achamos que palhaços e pais natal sejam coisas que as crianças gostem. Não temos a mania que tudo é fofinho, tudo que é cor de rosa é fofo...fofo é muito relativo.

Mas choramos como chafarizes, Madalenas arrependidas por coisas estranhas, outras banais. Minha irmã diz que chora até em anuncio de detergente, felizmente não chego à tanto, senão seria a minha ruína.

Na verdade, já passei por situações embaraçosas, porque da mesma forma que choro por coisas comuns, tenho a tendência estranha de me rir em situações absolutamente descabidas. Funerais, um grande desafio, não há piada que não me lembre nessas horas, ou como desatei a rir, depois de constatar de que tinha tudo pra montar uma tenda de campismo, menos a armação de ferro. E estávamos pra lá de Madrid...podres de cansaço.

Enfim, se não sabem, ficam a saber que a minha irmã diz que tenho gostos Nerd, só porque gosto de Mangás e Animes. E por conta disso, meu filho mais novo já me apanhou chorando (a sério), quando e via um OVA do Rurouni Kenshi (Samurai X pros íntimos). E há pior. Choro só de ouvir determinados temas desse Anime...e meu filho mais velho achou toda a discografia e deu-me...

Mas, fazendo as contas, acho o choro, mesmo que provocado por coisas banais, um grande alívio da alma. E dou pulos de alegria de ter nascido com a possibilidade de poder chorar sem ser chamada de nomes pouco abonatórios. Porque homem não podia chorar, felizmente, os tempos mudam e já podem. Mas ainda não praticam bem este exercício. O último filme que me fez chorar, no sossego do meu lar e longe de olhares pouco amistosos, foi "Duas Irmãs".

Mas sinceramente acho que chorar faz bem, assim como rir, e não sou preconceituosa ao ponto de achar que rir é melhor que chorar.

Agora a sério, há um tempo pra tudo, e acho descabido que controlemos nossas emoções por conta de um bando de gente que classifica música ou Tribos conforme a nossa sensibilidade. Detesto quando me dizem: que coisa mais EMO.

Por muito que explique que meus gostos literários/musicais/artísticos/arquitetonicos não são para serem classificados, muita gente cataloga tudo.

Mas não permito que tente catalogar minhas emoções, meus gostos e minhas escolhas. Nisso sou frontal.

E quando meu filho mais velho passou por um grande desgosto de amor, a única coisa que pude fazer por ele foi abraça-lo de deixa-lo chorar no meu colo. E disse mesmo : "Chora"!!

Resolveu alguma coisa?? Não. Aliviou? Sim, um bom bocado. E deixei ele ter o seu tempo de "luto" por isso. ( Ok, chorei junto com ele), é preciso deixar sair aquilo que nos magoa. E nada como as nossas lágrimas, pra limpar de vez o que nos deixa.

De maneira que, vou continuar na mesma fazendo e gostando do que gosto, ouvindo, cantando e dançando aquilo que gosto, sem prestar a atenção do que me chamam ou catalogam.

Sou diversificada demais pra ser rotulada.

E choro.

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