Se há uma coisa típica no povo português é esta: assim que vê uma nesga de sol, tira o assador pra varanda ou quintal e toca de assar umas sardinhas. Não importa que isso empestei a roupa estendida do vizinho. Não se importa que as moscas invadam o recinto dele e alheios, não! O que importa é comer sardinhas assadas em cima de uma fatia de pão caseiro e salada de tomate e alface.
Da mesma forma que, mal bata um friozinho e apareçam castanhas à vender, desencanta-se o assador de barro e assam-se castanhas pra comer quentes acompanhadas de um vinho de preferência novo.
A minha odisseia começa no supermercado, quando meu marido vê a montanha de castanhas em exposição e me olha com aquela cara de "tá me apetecendo umas castanhas..."
Bem dito, bem feito, lá vieram elas cá pra casa. Depois de lavadas, talhadas e salgadas foram pra dentro do assador de barro e para o bico de gás do fogão.
Bem dito, bem feito, lá vieram elas cá pra casa. Depois de lavadas, talhadas e salgadas foram pra dentro do assador de barro e para o bico de gás do fogão.
Pequeno detalhe, meu fogão ERA de placa vitrificada, preta, com queimadores a gás natural. Eu já explico porque era...
Quando as castanhas estão a assar no assador, este tem o fundo cheio de buraquinhos, e faz aquela...sujeirada no fogão (eu queria dizer cagada, mas parece que fica feio). E é claro, o calor faz estalar as pedrinhas de sal, o que acabou por disfarçar todo o incidente.
Depois de uma jantarada, vinho e castanhas, admito que não tinha coragem pra ir lavar fogão e louça. Estava cheia como um ovo. Fui pro sofá "esmoer" o jantar e ter uns dois dedos de conversa com a minha irmã pelo MSN. Dia seguinte era sábado e tinha tempo de sobra pra limpar a porqueira do fogão.
Dia seguinte... nem quero lembrar, o vitrificado do fogão parecia para brisas que levou pedrada, estava todo craquelado. Feita parva, fui lá esfregar com o dedo pra ver e aquilo fez CRACK e afundou....
Fiquei sem fogão, e sem pinta de sangue. Como alimentar 3 mamíferos de boa boca? Quando meu marido chegou em casa, pragmaticamente disse: compra-se uma placa nova. Assim, na lata.
Ok, falando assim parece fácil, mas quem ia tratar disso tudo? Eu né?
Segunda Feira lá vou eu atrás de uma, mas, que fosse pra gás natural. É simples né? Não. Nada simples. Contam-se pelos dedos de uma mão quantas estão à venda de gás natural.
Comprada a placa, surge o próximo problema, quem instala? No próprio dia telefonei pra uma empresa que faz isso, tudo bem, assim que o técnico chegasse ele ia marcar hora pra vir instalar.
Ele te telefonou? Pra mim também não.
Comprada a placa, surge o próximo problema, quem instala? No próprio dia telefonei pra uma empresa que faz isso, tudo bem, assim que o técnico chegasse ele ia marcar hora pra vir instalar.
Ele te telefonou? Pra mim também não.
Dia seguinte, após a fila infernal do banco, onde os velhos contam e recontam o dinheiro que levantaram ( e cá pra nós, porque cargas d'água o tipo do balcão interrompe a contagem pra desejar um bom dia, se o velho/a recomeça a contagem e não despega do balcão?), fui lá na empresa perguntar do técnico.
Dei de caras com ele, que começou a achar que ia ser difícil montar, se eu tivesse comprado lá a placa seria mais fácil e tal...mas ficou marcada para Quarta Feira, depois das 14 horas.
Ele veio?Veio depois das 18, se desculpando que tinha ido à um funeral e tinha ido buscar a mãe no Hospital. Não há argumento que dê pra derrubar mãe doentinha no Hospital. Tive que engolir essa. Ficou marcado pra Sexta Feira de tarde. Enquanto isso eu cozinhando num fogão de campismo eléctrico, de uma boca só e muita pizza e frango assado.
Chega o dia de hoje, e apareceu o técnico, desmonta o forno pra chegar ao interior da placa e... a abertura da placa, feita no mármore é pequena demais pra placa nova. Agora das duas uma, ou acho alguém que alargue o buraco ( do mármore suas cabecinhas tontas!!) ou tenho que fazer uma bancada nova de mármore pra caber a placa nova......
E tudo por causa de umas castanhas.
2 comentários:
Mana, que saudades de castanha. Valeu a pena toda essa epopéia.
Vcs ficaram saciados.
Nossa, eu fiquei com saudade da sardinha... não é que meu avô sempre dizia que era coisa de português? Foram 30 quilos no casamento da minha mãe, se não me engano... e não tem nenhum português na família, então eu nunca acreditei rsrsrs
O duro é assar em churrasqueira elétrica dentro do apê...
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