quarta-feira, 14 de maio de 2008

Por falar em vacina e olhar perdido....



Seguinte: o pior castigo que me podiam dar, era levar o meu irmão mais novo e meus filhos pra tomar a vacina.

Passo a explicar, minha mãe lembrou de ser mãe, já eu era uma adolescente, daí que quando era pra dar vacina no puto, era eu quem o levava...e chorávamos os dois juntos. Ele porque levava a espetada no rabiosque gordinho, e eu porque ele chorava. Saíamos os dois inconsoláveis do Centro de Saúde.

Depois tive meus dois filhos e a coisa se repetiu. Eles choravam e eu também, embora de forma mais contida, pra não piorar as coisas. Porque eu ia o caminho todo dizendo que não doía nada, era só uma picada e tal e coisa.

Teve uma vez, antes do meu mais velho entrar pra escola primária, que tinha que fazer a prova de tuberculina. A enfermeira, conhecida desde meu tempo de solteira disse pra ele: olha, a gente vai fazer aqui umas picadinhas, depois a gente mede, se estiver tudo bem, nem precisas levar vacina. Passada uma semana, fomos medir a tal bolha, e foi se formando uma fila de crianças da mesma idade dele, todas para o mesmo.

Entramos, mediu-se a tal bolha, e a enfermeira me diz: ele vai ter que levar reforço...ai meu santo...e ele dizendo logo que não ia tomar, que fugia e tal. Bom, tivemos que o segurar, eu e mais uma enfermeira, enquanto a outra lhe dava a picada no rabo. O grito que ele deu foi tal, que quem estava no estacionamento, escutou. Eu fiquei surda do ouvido esquerdo, a enfermeira ficou da orelha direita...nem o balão e um carrinho de plástico que ganhou o fez para de falar : DOEU E MUITO!!!

Quando abrimos a porta do gabinete...os miúdos todos que escutaram o grito do meu filho, estavam com bico de choro, uns já choravam, outros fugiam a sete pés. Um dia inesquecível.

Meu filho mais novo desenvolveu o talento de chorar para dentro, aí sim é que eu chorava mesmo, porque ele olhava pra mim, com aquele olhar " porque mãe?? eu não me porto bem?? que injustiçaaaaaaa!!" Engolia o soluço, só se viam as lágrimas enchendo os olhinhos dele. Que aperto no coração.

Depois, me lembro de ficarem com febre, chatinhos, só querendo colo, mas ausentes e paradões? Nunca!

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