...quando seu filho entra na cozinha e pergunta:
"Em que aparelho dá pra escutar aqueles CDs pretos?"
Minha cabeça nem pensou bem. CD preto? Só se ele estivesse falando do Morning Sun, um Cd dos Fields of the Nephilim, que por acaso tem caixa preta e o CD é preto também.
"Escuta onde quiseres, pode ser na aparelhagem ou no PC."
"Não pode ser...é muito grande"
Aí eu olhei pra mão dele e vi um LP de vinil...CD preto...ô meu santo!!
Bom, passei a tarde explicando como funcionava um disco de vinil, da sua fragilidade, do som espectacular que tinha e da minha pena de não ter mais na minha posse um prato pra poder escutar as minhas velharias roquistas. Bateu fundo uma onda saudosista. Mas de momento, o que menos conta no meu orçamento, é comprar um gira discos.
Daí, passado uns dias, vasculhando o site da revista americana Rolling Stones, encontro um artigo em que alguns músicos da velha guarda e da mais recente se rebelaram contra a má qualidade do som MP3. Uau!! O assunto gira à volta do som High Fidelity, de que alguns começarão a voltar à este velho sistema de som. Me deu um calorzinho gostoso no coração.
Passados mais uns dias, na mesma revista, vem um assunto sobre a descoberta desta nova geração do vinil. Garotada que nasceu no advento do CD, DVD, MP3 e telemóvel, está descobrindo as delícias de ver e ouvir um vinil girando num prato. Escutar Hendrix, Led Zeppelin em vinil, me desculpem os moderninhos, é uma outra experiência. E a prova tá aí, gente se apaixonando por este antigo formato.
Eu aqui mesmo, outro dia, tinha tocado ao de leve no assunto do revivalismo. Grupos que decidiram dar um tempo nesta baderna musical e resolveram voltar ao começo do Rock.
Falei da Duffy, tem aí fazendo sucesso o projecto paralelo dos Green Day - Foxboro Hot Tubs, sem falar no mais recente trabalho de um grupo novo - Last shadow Puppets. Tudo cheirando ao começo do rock. Sem esquecer a doida, mas talentosa Amy Winehouse (pra mim, vai acabar como a Janis Joplin), que mostrou que se pode fazer sucesso com os velhos Blues.
Não sei se esta onda de "ó tempo, volta pra trás" não reflectirá um certo cansaço do imediato, do rápido. Acho que tal como os hamburguers do Mic Rovald, plástico e rápido é bom, mas até um certo ponto. Mais do que isso deixa de ser saudável e só nos mata.
Nem digo que tudo que era antigo é bom, mas algumas coisas evoluíram demais e perderam o seu encanto. Lembram-se de quando a gente queria passar um disco de vinil pra cassete de áudio? Levava o tempo todo da duração do disco, e a gente rezava pra não ficar com faixa "pulada". O carinho e cuidado de limpar e "ajeitar" a agulha do braço, do som brutal das colunas enormes e de por força de ter colocado o som tão alto, um azulejo da cozinha da casa dos meus pais caiu. Tamanha vibração...bons tempos...
Um dia, quando a se proporcionar para tal, hei de voltar a colocar um dos meus discos num prato e escutar o som dos bons velhos tempos da música.
Fixe, não é? Afinal...sou jurássica ou apenas tenho bom gosto?
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