terça-feira, 7 de agosto de 2007

As crianças que não estão no berço



Rios de tinta e especulações do caso da menina desaparecida no Algarve. Maddie virou assunto nacional e conseguiu suplantar a nossa Joana, desaparecida por artes mágicas, e também tristemente esquecida.

As comparações são impossíveis de serem feitas. Joana não teve direito à prémio por informações dela, nenhum rico ou perdulário se interessou pela sorte dela. Nem dela nem de Pedro, desaparecido faz anos, séculos para a mãe dele.

Nem de tantas outras crianças que desapareceram sem deixar rastro, mas que deixam as famílias esperançadas de um milagre, de algo que as traga de volta.

Não, não teve jogo de futebol de famosos em honra de Joana, de Pedro e de outras crianças desaparecidas.

Nenhuma delas virou nome de Fundação, nenhuma aparece nos começos de filmes, nada de nada.

A mãe de Maddie, sempre de cara triste, cada dia mais desfeita em mágoa, seu pai, como direi, mais composto. Avaliar culpas, tentar achar culpados. É a situação actual.

A Polícia portuguesa foi sempre fortemente criticada pelos ingleses, estes esquecem logo as 230 e tal crianças desaparecidas lá no Reino Unido. E nem elas ganharam a atenção de Maddie.
A imprensa portuguesa também foi severamente criticada, porque a inglesa continua agarrada à tese de rapto.

Com tanta publicidade, quem se atreveria a mostrar Maddie na rua?? Tudo aponta que aquela menina já não esteja no mundo dos vivos.

Mas toda mãe se agarra à esperança de voltar a ver adormecida no seu berço a criança que carregou durante 9 meses dentro de si, e não aceita que tenha morrido. É compreensível.

Apenas me pergunto o que levou que tantos se levantassem em defesa de Maddie e tão poucos pelos outros, esquecidos, processos arquivados, tudo colocado de lado.

Se, nesta história toda, ficar provado que alguém próximo da menina realmente a matou...queria ver o que se seguiria.

Acusações, julgamentos, penas e prisões não trazem de volta os que deixaram os berços e os corações vazios.

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